resistência

Ativista em greve de fome fala em ‘morrer feliz por lutar até últimos dias’

Após 21 dias, sete manifestantes seguem em Brasília e realizam ato religioso em frente ao STF. 'Ai daqueles que promovem a fome, que tiram direitos dos trabalhadores', afirma Rafaela Alves

reprodução/frente brasil popular

Em cadeiras de rodas e segurando velas, ativistas pediram por agilidade no Supremo

São Paulo – Os sete manifestantes em greve de fome há 21 dias em Brasília realizaram hoje (20) um ato inter-religioso em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com o estado de saúde delicado por conta da desnutrição, os ativistas acompanharam sentados, segurando velas, os dizeres de alguns representantes de diferentes religiões. “Foram vocês que nos fizeram gritar: Deus do céu, por que tanta judiação?”, disse o padre Gabrieli Cipriani.

Os grevistas exigem que o Supremo coloque em pauta a votação de duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) que decidem sobre a legalidade da prisão após decisão em segunda instância, sem sentença com trânsito em julgado. Essa decisão afetaria diretamente na liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde abril. Além dessa pauta, os manifestantes chamam a atenção para o retorno da fome e da miséria no país.

“Nossa tarefa é morrer feliz porque lutamos até os últimos dias”, disse Rafaela Alves. Ela lembrou a solidariedade que o grupo vem recebendo. “Não é solidariedade sem sentido, é o Evangelho vivo, um povo vivo que se dispõe a lutar no nível que for necessário. Que possamos seguir firmes cumprindo com nossa tarefa que é lutar e ensinar a lutar”, completou.

Rafaela mandou uma mensagem para aqueles que, na concepção dos grevistas, mantêm julgamentos injustos e ignoram a vontade do povo. “Na minha cabeça, Jesus diz ‘ai daqueles que promovem a fome, que tiram direitos dos trabalhadores, que se atreve a tirar a vida de seus irmãos, que não se compromete com o sonho das gerações, que simplesmente vivem em torno de seus interesses e passam por cima de tudo e todos’. Ai desses que não pertencem ao reino do Deus que acreditamos e para quem os trabalhadores tanto rezam.”

O recado também foi para os que se calam diante das injustiças. “Ai também de nós, povo que não se levanta, não grita, não assume as rédeas da história, não dispõe da sua vida pela transformação, que não marcha com seu irmão. Estamos construindo nesse momento difícil da história o reino de Deus e do céu. Não é algo que vamos alcançar quando morrer, é uma construção cotidiana e esforço cotidiano de todos que se colocam como cristãos, cidadãos, pessoas que precisam assinar seus nomes na história.”