crise de segurança

Rio de Janeiro registra recorde de tiroteios no ano após operação militar

Nessa segunda-feira (20), a ponte Rio-Niterói ficou fechada por conta de uma troca de tiros, e três favelas da zona norte da cidade foram ocupadas

Fernando Frazão/Agência Brasil

Na operação foram utilizados cerca de 4.200 militares das forças armadas e 70 policiais civis, com apoio de blindados e aeronaves

São Paulo – A última segunda-feira (20) registrou o maior número de tiroteios em um único dia no ano de 2018 no Rio de Janeiro: foram 43 casos em todo o estado. Os dados são da plataforma Onde Tem Tiroteio (OTT), após a operação das Forças Armadas nos Complexos do Alemão, da Penha e da Maré. 

Só ontem, a ponte Rio-Niterói ficou fechada por conta de um tiroteio, e três favelas da zona norte da cidade foram ocupadas por militares. O saldo oficial das operações foi de 13 mortos – entre eles, dois militares. 

Segundo o laboratório de dados Fogo Cruzado, desde o início da intervenção federal no Rio, em fevereiro, já foram registrados cinco mil tiroteios na região metropolitana. Um aumento de 61% comparado ao ano anterior. 

Fizeram parte da megaoperação aproximadamente 4.200 militares das Forças Armadas e 70 policiais civis, com apoio de blindados e aeronaves. “Foram três conjuntos de favelas que amanheceram com um tanque de guerra, com helicópteros atirando de cima para baixo, com caveirões e policiais invadindo as nossas ruas e as nossas casas”, relata Gisele Martins, moradora da Maré.

Além do medo, nas redes sociais, os moradores relataram diversas violações de direitos durante a operação, como casas sendo invadidas e celulares revistados sem mandado judicial. “Teve um morador, aqui na Penha, que foi preso porque os militares olharam o celular dele viram que ele fazia parte de um chat de orientações na situação de conflito, para evitar regiões de tiroteio”, conta Thainã de Medeiros, morador do Complexo do Alemão.

Uma das principais vias da Baixada Fluminense, a Ponte Rio-Niterói, ficou fechada pela manhã de ontem após uma perseguição policial que terminou com seis mortos. “Você vai trocar tiro lá? Colocando em risco todas as outras pessoas que estão ali? Que tipo de política é essa, que cada vez mais é normalizada? Ontem era caveirão, agora são tanques de guerras nas ruas. Isso não pode ser aceitável”, lamenta Gisele.

A intervenção federal na segurança do Rio completou seis meses na quinta-feira (16). Segundo os dados, o número de homicídios não se reduziu, juntamente ao maior índice de mortes por policiais desde 2008. A intervenção vale até o dia 31 de dezembro deste ano.

Seis meses da intervenção militar e um aumento de 38% na violência. As chacinas aumentaram quase 80%, isso tem que parar agora”, acrescenta Virgínia Berriel, da Comissão Popular da Verdade.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

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