Fim da violência

Ativistas reagem a genocídio da população trans e travesti

Movimentos repercutiram abertura do 1º ciclo de debates da Universidade do Estado da Bahia sobre as condições de vida e exclusão da população T

Tomaz Silva/EBC

Nordeste concentra as taxas mais altas de assassinatos de pessoas T, registrando 39% dos casos no Brasil, segundo Antra

São Paulo – Discursos religiosos e biológicos têm sido utilizados para naturalizar o preconceito contra as populações trans e travestis, como denunciam ativistas que lutam pela visibilidade da causa. Reconhecidos muitas vezes por meio de estatísticas informais que revelam o genocídio dessas pessoas, a discussão ganhou destaque nesta quinta-feira (16) na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador, sob o tema “A exclusão de pessoas trans e travestis – uma questão social”.

“É importante que isso esteja ocorrendo no Nordeste, que tem produzido debates intelectuais altamente qualificados”, analisa a ativista independente, mulher negra e trans Neon Cunha ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a região concentra o maior número de assassinatos: são 69 casos, que correspondem a 39% de todos os registros feitos pelo Brasil em 2017. 

Para Neon, a violência contra essas populações é alimentada por “discursos religiosos e uma pretensa ideia de naturalidade, a partir da biologia”. “É dizer que existe uma ciência que tem promovido a eugenia, identificando quais são as vidas e os corpos legítimos dentro de uma pretensa normalidade com viés de moralidade”, declara.

A abertura do 1º Ciclo Estadual de Conferências Sobre Identidade Trans e Travesti na Uneb, que se encerra nesta sexta-feira (17), é avaliado pela presidente da ONG Amapô SP, Nicolle Mahier, como a comprovação do quanto essa população está à margem da sociedade. “A gente começa a falar que sim, o genocídio da população trans existe e não são apenas crimes de intolerância, são crimes de ódio e com resquícios de brutalidade muito forte”.

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