São Paulo – A expulsão dos venezuelanos da cidade de Pacaraima, em Roraima, na semana passada, chocou pela violência das ações entidades em defesa dos imigrantes no Brasil. Em reação ao episódio que, segundo especialistas, revela a emergência da cultura do ódio no país, movimentos sociais realizaram nesta segunda-feira (27) um ato no vão livre do Masp, na região central de São Paulo, em solidariedade aos imigrantes.

Em entrevista ao repórter Jô Miyagui, do Seu Jornal, da TVT, a imigrante colombiana Maria Paula Botero Rodriguez avalia que a questão imigratória, apesar da possibilidade de ser uma realidade para todas as pessoas, ainda desperta pouca sensibilização. “Infelizmente, como em todo lugar, existem pessoas xenófobas que não são conscientes disso”, declara.

O preconceito “ao que vem de fora”, que caracteriza as ações reconhecidas como xenofobia, é um fenômeno do capitalismo estimulado por políticos e  grupos de direita, de acordo com o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Lúcio Flávio. “O que se passa no Brasil é uma pequena amostra do que se passa no mundo, inclusive no que se refere ao aumento da xenofobia”, sintetiza.

Para os movimentos e imigrantes presentes no ato em solidariedade aos venezuelanos, a discriminação no Brasil contradiz todo o processo histórico e cultural fortalecido pelos fluxos imigratórios. “Uma coisa que falta é empatia, colocar os ‘sapatos’ do outro e pensar que você pode ser imigrante ou refugiado. Infelizmente, nós latino-americanos, na Europa ou em outros países, somos vistos também como pessoas inferiores”, lamenta Maria Paula.

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