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Ativistas em greve de fome por 23 dias são recebidos por ministra do Supremo

Fragilizados pelo longo período de desnutrição, os sete ativistas em greve de fome cobraram agilidade da Justiça para a ministra Rosa Weber. Músicos Siba e Ana Cañas engrossam o manifesto dos grevistas

Reprodução arquivo pessoal

Vigília no Ceará em solidariedade à greve de fome por democracia, justiça e liberdade de lula. Ativistas entram no 24˚ dia de jejum em estado crítico de saúde

São Paulo – Os ativistas em greve de fome em Brasília completaram 23 dias sem alimentação nesta quarta-feira (22). Eles cobram que o Supremo Tribunal Federal (STF) coloque em votação três ações declaratórias de constitucionalidade (ADC’s) sobre a legalidade da prisão em segunda instância. Desde o início da tarde, os grevistas seguiram uma agenda de encontros com representantes da corte. O ministro Luis Roberto Barroso não atendeu aos grevistas, designando sua chefe de gabinete, Renata Saraiva, para recebê-los. Já Rosa Weber falou com os militantes o tempo todo atrás de um balcão.

A votação das ADC’s podem impactar diretamente na liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato ao Planalto em outubro, que está preso desde abril sem uma sentença tramitada em julgado, sendo cabível ainda recursos. Ao sair do prédio do Supremo, por volta das 21h, a porta-voz dos grevistas Kelly Monforte, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), disse: “Nós, enquanto brasileiros e brasileiras, não desistiremos do país, resistiremos, combateremos contra a volta radical da fome, para que a miséria não se expanda e para que também sejam garantidos os direitos democráticos de todos”.

Além dos sete grevistas, Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves, Luiz Gonzdo, o Gegê, Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico e Leonardo Soares, que apresentam fragilidade pela desnutrição, estiveram nas audiências representantes de movimentos sociais, juristas e a equipe médica que acompanha os ativistas.

Antes da reunião, o pastor protestante Ariovaldo Ramos fez uma visita aos militantes, que encontram-se, quando não em compromissos, em camas hospitalares e cadeiras de rodas. “A situação nos leva a medidas extremas. Vocês representam a angústia que todos nós estamos sofrendo. Falam do estado de exceção que se estabeleceu no Brasil e fala sobre um Judiciário que não está cumprindo seu dever. Se estivesse, nada disso estaria acontecido. O impeachment seria ilegal, o julgamento de Lula teria sido justo, os senhores do poder estariam nos tribunais e não assistindo as acusações caducarem”, disse.

Também hoje, a pastora luterana Lusmarina Campos Garcia enviou uma carta de apoio aos grevistas. “Agradeço a sua coragem de ter tomado esta decisão radical em prol da democracia e da justiça em nosso país. A sua bravura nos dá força e inspiração”, disse.

Lusmarina contou que escreveu uma carta para a presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, responsável pela pauta da corte. “Há vidas esperando por sua decisão. Ela está nas mãos dela. A greve de fome é uma ação corajosa e desesperada ao mesmo tempo. Corajosa porque, com bravura, pessoas colocam a sua vida à disposição da construção de uma sociedade mais justa e igualitária; uma sociedade que não admita o retorno à miséria e à fome de milhões de cidadãos e cidadãs, como está ocorrendo no Brasil.”

Veja depoimentos gravados pelos músicos Ana Cañas e Siba