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Relatório aponta mortes por excesso e preconceitos em ações policiais em SP

Pesquisa da Ouvidoria da corporação paulista chama atenção para a necessidade de combater a discriminação contra pobres e negros, maiores vítimas da violência policial

Arquivo ABr

Ouvidor da Polícia conclui que as ações das corporações policiais são pautadas em esteriótipos e preconceito contra negros e pobres

São Paulo – A Polícia do Estado de São Paulo matou 940 civis em 2017. Desse total, a Ouvidoria da Polícia investigou 756 casos e identificou, em 74% deles, a ocorrência de excessos por parte dos policiais. Divulgada nesta segunda-feira (13), a pesquisa sobre a letalidade das tropas da Polícia Militar de São Paulo foi organizada pelo próprio órgão, que verifica atos irregulares nas corporações Civil e Militar.

O número da letalidade policial em São Paulo no ano passado só é menor que os dados de 1992, ano do chamado Massacre do Carandiru. Naquele ano, 1.470 pessoas foram executadas durante operações policiais.

De com a Ouvidoria, o levantamento, que tem como base dados da situação de ocorrências, delitos, horários e locais, faixa etária, cor da pele, escolaridade e antecedentes criminais. Em entrevista ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual, o ouvidor da polícia, Benedito Mariano, analisa que as ações das corporações são pautadas no senso comum e ressaltam a discriminação racial e os estereótipos que atingem as populações negras e pobres. 

“É por isso que nós estamos propondo uma disciplina na formação de todos os níveis da Polícia Militar e Civil sobre discriminação racial e o estereótipo de marginal, que o senso comum pregou como um estereótipo que diretamente ou indiretamente, reforça a violência letal contra pobres e negros”, afirma Mariano.

Com a constatação de que um quarto dos óbitos registrados nem sequer haviam sido antecedidos por conflitos entre agentes e “suspeitos” que justificasse o uso de armas, membros da Ouvidoria também defendem que a corporação adote métodos para preparar melhor o PM no uso de arma de fogo, dentro dos limites da lei e dos direitos humanos. O órgão destaca ainda 14 recomendações à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, como a de reativar a Comissão Especial para a Redução da Letalidade em Ações Policiais.

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