ABUSO DE PODER

PM tenta encobrir assassinato de jovem em Poá, aponta denúncia à Ouvidoria da Polícia

Pais de jovem baleada na segunda-feira denunciam que policiais intimidam moradores e tomam seus celulares em busca de imagens do crime cometido por um colega

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Rhuan e Sueli: denúncia na Ouvidoria após constrangimento no bairro onde moram, em Poá

São Paulo – A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo instaurou procedimento para apurar denúncia dos pais e do ex-marido da jovem Brenda Lima de Oliveira, 20 anos, morta por um policial militar na segunda feira (2), na rua Pedro Martins, no Jardim Santo Antônio, em Poá, Grande São Paulo. Rhuan Carlos dos Santos Macedo, 19 anos, o ex-marido, e o casal Adnaldo e Sueli disseram que alguns familiares estão sendo intimidados com a presença ostensiva de policiais militares próximos de suas casas. Informaram que os PMs tomam os celulares de moradores do bairro onde os familiares moram para verificar informações e possíveis vídeos que possam ter imagens do policial atirando contra o casal Brenda e Rhuan.

Brenda foi baleada no peito e morreu no local. Rhuan ficou com uma bala alojada nas costas. O policial Johnatas Almeida Lima confundiu o casal em uma moto com uma dupla que segundo ele o perseguia e disparou diversas vezes, segundo Rhuan em entrevista ao site Ponte.org.

Com o procedimento instaurado, a Ouvidoria cobrará providências da Corregedoria Geral da PM e da Polícia Civil. Além disso, vai oficiar o Ministério Público para acompanhar as investigações.

“Em razão da gravidade dos fatos, a execução sumária da jovem, o PM autor dos disparos deveria ter sido detido. Ninguém pode assassinar uma pessoa de forma tão brutal e cruel, com a banal justificativa de que achava que seria atacado. Se ele estava se sentindo ameaçado deveria pedir reforço junto à sua corporação militar e registrar um B.O na Delegacia de Polícia, e não ficar de tocaia para efetuar disparos contra quem passasse na frente de sua residência”, afirma o advogado Ariel de Castro Alves, coordenador da Comissão da Infância e da Juventude do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe-SP).

Na denúncia, informam ainda que as roupas que a jovem estava vestindo teriam sido descartadas pelo Instituto Médico Legal de Poá. A mãe da jovem relatou que esteve no último dia 4 de julho na sede do IML para buscar as roupas da filha e um funcionário disse que tinham sido incineradas. Diante das denúncias de que os familiares estão sendo constrangidos e intimidados por PMs de Poá e de que provas, como as roupas que a jovem vestia quando foi atingida pelo disparo do PM, que deveriam ficar à disposição do IML e do Instituto de Criminalística (IC), estão sendo descartadas, o Condepe decidiu acompanhar o caso.

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