estado de exceção

No Rio, mães denunciam violações cotidianas contra crianças por intervenção

Abordagens truculentas ocorrem em ruas do Complexo da Maré. Nas escolas, estudantes convivem com constantes tiroteios e redução no número de dias letivos

Arquivo EBC/Reprodução

“É muito triste segurar a onda quando tem alguém morrendo do lado de fora e alguém que pode morrer do lado de dentro”, afirma professora da Maré

São Paulo – Com 12 mortos e 19 feridos, a cidade do Rio de Janeiro lidera o ranking de crianças e adolescentes vítimas de armas de fogo, segundo relatório do Instituto de Pesquisas Fogo Cruzado. O período de compilação desses dados, de fevereiro a junho deste ano, corresponde ao período de vigência da intervenção federal no estado fluminense, alvo de críticas de quem convive diretamente com o aumento da violência nas periferias e favelas da capital.

Em entrevista à repórter Beatriz Drague Ramos, na Rádio Brasil Atual, Bruna Silva, mãe do estudante Marcos Vinicius, assassinado no mês passado enquanto voltava da escola, descreveu que as abordagens truculentas foram intensificadas pelo Exército e Polícia Militar nas ruas da comunidade. “Eles dão tapa na cara, dão chutes na bunda da criança. Acham que se estão na rua, estão à toa. Pais e mães voltam desesperados porque seus filhos estão sozinhos em casa”, conta. 

No dia da morte de seu filho, movimentos sociais contabilizaram 160 tiros disparados dos helicópteros do Exército que participavam de uma operação no local, o que, para Bruna, mostra o Estado como um cerceador, não apenas do direito de ir e vir, mas também da promoção de atividades destinadas aos jovens da região.

A professora de Artes da escola onde estudava Marcos Vinícius, Alessandra Biá, descreve uma rotina problemática derivada da falta de estrutura. “É muito triste segurar a onda quando tem alguém morrendo do lado de fora e alguém que pode morrer do lado de dentro”, afirma a professora.

A situação do Complexo da Maré também é descrita pela chefe de cozinha Mara Vaz, moradora local, mãe e avó de duas crianças. “Uma criança de três anos já saber que tem que se abaixar por causa de tiro… Isso não é uma vida normal para ninguém”, lamenta, acrescentando o pedido de fim da intervenção.

Em nota, a Polícia Militar aponta que a corporação não compactua com nenhuma de ações relatadas pelos moradores da Maré.

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