tragédia

Ocupação no centro de SP desaba após incêndio; uma vítima foi confirmada

Prédio, no Largo do Paissandu, foi antiga sede da Polícia Federal. Causas do fogo ainda serão investigadas. Governador prefere acusar 'indústria de ocupações' em vez de prestar solidariedade

Futura Press/Folhapres

Prédio que desabou após incêndio no centro de SP era ocupado por cerca de 150 famílias

São Paulo – Um edifício de 24 andares desabou durante a madrugada desta terça-feira (1º), no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo, após ter as estruturas abaladas por um incêndio, que começou por volta da 1h30. O local abrigava cerca de 150 famílias sem-teto, numa ocupação não ligada a nenhum dos movimentos sociais por moradia da capital paulista. Um outro prédio, em frente, foi atingido pelo fogo, que até as 10h, seguia sendo combatido pelos bombeiros. Pelo menos uma pessoa morreu. 

Uma integrante de outra ocupação presenciou o ocorrido. “Moro no prédio em frente. Esse prédio era de vidro, a gente chamava de ‘prédio de vidro’. Em um primeiro momento os vidros estouraram e ficamos muito preocupados. Começaram a evacuar os dois prédios e o fogo ia subindo. Foi muito rápido, já que era vidro e madeira”, relata Jomarina Abreu, integrante do Movimento de Moradia Central e Regional.

Ela conta sobre a vítima fatal que tentava escapar do prédio em chamas: “Ele estava lá em cima acenando com um objeto, acho que um celular, e na hora o prédio desabou. Muito triste. Metade das pessoas perdeu documentos, perdeu tudo. Havia muitos estrangeiros, principalmente nigerianos. E muitas crianças também.”

O advogado Benedito Barbosa, do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, diz que os policiais não permitiram o acesso às famílias. “Essas famílias não fazem parte dos movimentos ligados à FLM, UMM, CMP, que são grande parte das ocupações que o centro Gaspar Garcia acompanha. Não tivemos acesso, mas independentemente dessa situação, ela representa o descaso do poder público, que não vem providenciando, em especial nesse últimos dois anos, moradia social em São Paulo.

Ele diz que o incêndio era uma espécie de “tragédia anunciada”, dado o descaso das autoridades públicas. Benedito também criticou o governador Marcio França (PSB), que em vez de prestar solidariedade às vítimas, falou na existência de uma “indústria de ocupações” no centro da capital paulista. 

“Não vamos aceitar qualquer tentativa de criminalizar as famílias de baixa renda que estão sofrendo com a crise social e vão para as ocupações. Os governos não apresentaram nenhuma solução. Estamos vivendo uma tragédia na política habitacional e estamos vendo, infelizmente, o resultado disso na prática”, denuncia Benedito Barbosa. 

Além do déficit habitacional, agravado pela crise econômica e pela alta do desemprego, tanto o governo estadual como a prefeitura pouco têm feito, segundo ele, garantir moradia digna para a população. Ele disse ainda que os veículos da mídia tradicional nem sequer ouviram as lideranças dos movimentos de moradia que estiveram presentes na tragédia. 

 

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