Parques à venda

Transformar viveiro do Ibirapuera em lanchonete ‘é absurdo’

População reclama de proposta de mercantilização em audiência pública: 'São Paulo já tem muito shopping. Precisamos de um lugar onde a gente possa olhar o pássaro voando, sentir o cheiro de uma planta'

Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Parque do Ibirapuera foi lembrado como uma das áreas de maior convívio democrático em São Paulo

São Paulo – Moradores da cidade de São Paulo manifestaram preocupação com o futuro do Parque do Ibirapuera, que o prefeito João Doria (PSDB) pretende conceder à iniciativa privada. A possibilidade do Viveiro Manequinho Lopes ter suas estufas demolidas para receber lojas, restaurantes e lanchonetes, conforme consta no edital de concessão, foi uma das propostas mais criticadas pela população durante audiência pública nesta quarta-feira (14). 

Para a bióloga e paisagista Açucena Tapiussu, trata-se de uma desvalorização daquilo que o parque representa, um dos espaços mais democráticos da cidade, frequentado por pessoas de todos os tipos. “São Paulo já tem muito shopping, muitas praças de alimentação. Precisamos de um lugar onde a gente possa olhar o pássaro voando, sentir o cheiro de uma planta, sentir o cheiro da flor do pau-brasil. Isso a gente não encontra num shopping”, disse à repórter Nahama Nunes, da Rádio Brasil Atual

Domingos Leôncio Pereira, sociólogo e educador ambiental, ressaltou a intenção “extremamente mercantilista” do processo de licitação da gestão Doria. Ele diz que não é contra o desenvolvimento de atividades comerciais nas dependências do parque, e citou como exemplo a realização da feira de orgânicos. “Isso é uma coisa. Outra coisa é transformar tudo em lanchonete, em fast-food. Propor restaurantes e lanchonetes no viveiro Manequinho Lopes é um absurdo”, frisou. 

Ex-integrante do conselho gestor do Ibirapuera, Carolina Annes, que também esteve na audiência realizada na Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (UMAPaz), diz que o processo de concessão, que ela chama de “privatização”, está sendo feito sem a devida participação da população. “É tudo carta marcada, está sendo feito de forma esquisita. É muito mais sério do que a gente imagina. Por que eles não se concentram em parques que são carentes de tudo?”, questionou.

Ouça reportagem da Rádio Brasil Atual:

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