praça de guerra

Servidores são atacados em protesto contra reforma na previdência municipal

Trabalhadores foram alvo de repressão da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana durante sessão da CCJ da Câmara que discutia mudanças propostas pelo prefeito da capital

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Piso da Câmara mostrava manchas de sangue, após ação violenta da GCM contra servidores, a maioria professores, durante sessão da CCJ

São Paulo – Servidores municipais foram atacados por policiais militares e guardas civis durante manifestação diante da Câmara Municipal de São Paulo, em protesto contra a proposta de “reforma” da Previdência do governo João Doria (PSDB). Muitos estavam acampados desde a noite, acompanhando a tramitação do Projeto de Lei (PL 621/2016), que traz alterações na previdência dos servidores que vão dificultar o acesso à aposentadoria. Foi o primeiro dia em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara passou a tratar do substitutivo.

As cenas de violência começaram ainda dentro da CCJ, no auditório Freitas Nobre. Muitos servidores que conseguiram entrar no local gritavam em coro pedindo a retirada do projeto da pauta. Diferentes vereadores pediram para retirar a matéria de votação, ou mesmo suspender, já que o substitutivo, de 80 páginas, foi entregue nesta manhã pelo relator, Caio Miranda (PSB), que deu parecer favorável à matéria.

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Muitos dos manifestantes foram atingidos por balas de borracha durante protesto

Como os pedidos de adiamento ou suspensão foram vencidos, o presidente da Comissão, Aurélio Nomura (PSDB) ordenou que o relator lesse as 80 páginas da matéria. Os presentes intensificaram as manifestações e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) passou ao ataque. No início do tumulto, pelo menos uma funcionária pública, professora, foi atingida com violência.

Os vereadores decidiram transferir a sessão para o Plenário 1º de Maio, onde o vereador João Jorge (PSDB) tentou ler o relatório de Miranda de forma acelerada, impedindo mesmo a compreensão dos presentes. Foi neste momento, que a Tropa de Choque da Polícia Militar chegou e, do lado de fora, disparou uma bateria de bombas de gás lacrimogênio. Muitos foram atingidos por balas de borracha.

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Professora agredida por força policial dentro da Câmara dos Vereadores de São Paulo

Após a dura repressão, os servidores buscaram abrigo em ruas próximas e se reagruparam na mesma avenida, um pouco distante da área do conflito. “Não tem arrego”, gritavam em coro a todo momento. Após reunidos, os trabalhadores avançaram contra a PM, que recuou. De acordo com informações de servidores presentes, após o ato de resistência, os militares abriram diálogo e aceitaram a retomada do ato, que desde o início foi pacífico.

“Estamos em frente à Câmara, onde fomos agredidos covardemente pela GCM à mando do Doria e também pela PM. Somos professores, médicos, profissionais da educação física, trabalhadores administrativos, enfermeiros, todas as categorias dos servidores municipais. Infelizmente, os trabalhadores da GCM também vão ser afetados pela reforma da previdência (municipal) mas estão do lado deles”, disse João Batista Gomes, secretário de imprensa do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo.

Enquanto os servidores eram vitimados pela repressão, a CCJ aprovou, a portas fechadas, o substitutivo de autoria do vereador Caio Miranda (PSB) por seis votos a três. Nesta quinta-feira (15), ocorrerá mais uma audiência pública na Câmara Municipal sobre o SampaPrev. Um novo ato contra as mudanças na nas aposentadorias  e em solidariedade aos servidores massacrados também deverá ocorrer nos arredores do Legislativo municipal.

 

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