Mulheres que resistem

Filme e debate reúnem diferentes gerações e sonhos que não envelhecem

Memorial da Resistência, em São Paulo, exibe “Nossa Voz Resiste”, sobre anseios contemporâneos do universo feminino, e traz diálogo entre mulheres ontem e hoje à frente de seu tempo

Reprodução

Documentário traz em 11 minutos três histórias definidoras do obscurantismo de hoje

São Paulo – O Memorial da Resistência traz neste sábado (10), em São Paulo, uma rodada dupla de reflexões sobre diferentes cenários e personagens que marcam o ativismo político e o feminismo na história recente do país – na resistência à ditadura e na guinada moralista conservadora dos dias atuais.

O programa começa às 14h, com exibição do curta-metragem Nossa Voz Resiste, produzido pela organização não governamental Artigo 19. E tem sequência com uma roda de conversa em que ativistas de diferentes gerações analisam mudanças que marcam a evolução das causas feministas – seus anseios e formas de agir – nesses períodos.

O filme traz a história de três mulheres brasileiras: uma comunicadora que denuncia a violência policial em sua comunidade, no Rio de Janeiro, uma jornalista que deixou os meios comerciais para atuar na mídia independente e uma militante que luta pela liberdade de expressão e o direito das mulheres de decidir sobre seu corpo.

São elas: Gizele Martins, que testemunhou o assassinato de uma criança pela polícia e decidiu denuncia as violações ocorrida no Complexo da Maré – passando a ser alvo de ameaças e perseguições por parte de agentes de segurança do Estado; Camila Nóbrega, que descreve as dificuldades em fazer apurações junto a órgãos públicos depois que se despiu dos “crachás” da mídia corporativa, revelando a desobediência à Lei de Acesso à Informação como forma de censura aos meios alternativos; e Roberta Pereira, detida durante protesto da Marcha das Vadias em Guarulhos (SP) – processo que resultou na demissão da escola onde trabalhava, em uma condenação criminal “por ato obsceno” e em traumas com os quais convive desde o episódio, em 2013.

“As três histórias representam casos específicos que ilustram um universo de violações sistemáticas que marcam o Brasil nessa seara. Mostram que ainda há muito pelo que se lutar no país na busca pela efetivação do direito à liberdade de expressão e informação”, afirma a diretora da Artigo 19 Paula Martins.

O curta Nossa Voz Resiste tem roteiro e direção de Carolina Caffé, 29 anos. Ela fará parte do debate, ao lado da militante Rita Sipani, ex-integrante da organização clandestina Ação Popular (AP) e do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT). Rita foi presa em 1971, passou pelo Presídio Tiradentes, onde conheceu seu marido, o também militante Alípio Freire – chegou a ficar na chamada “Torre das Donzelas”, onde a ex-presidenta Dilma Rousseff passou três anos encarcerada. Hoje é advogada de familiares de presos políticos. Completa a composição da mesa a arquiteta Stephanie Ribeiro, escritora, feminista negra e colunista da revista Marie Claire.

O evento deste sábado é uma parceria do Memorial da Resistência, ligado à Secretaria da Cultura do estado, com o Núcleo de Preservação da Memória Política. Faz parte das celebrações do Dia Internacional da Mulher. O memorial fica no Largo General Osório, 66, Luz (Auditório Vitae, 5º andar), na região central de São Paulo. A entrada é gratuita.

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