Repressão

Intervenção militar no Rio é ‘ilusão fascista’

Em debate, moradores das favelas denunciam abusos cometidos pelas forças do estado, silenciados por aqueles que apoiam o uso da força, em nome de uma certa ordem que não é a deles

Tânia Rêgo/Agência Brasil

“A gente é investigado, perseguido, tem conta bancária bloqueada, invadem a nossa casa”, diz moradora da favela

São Paulo – Moradora da Favela do Acari, na zona norte do Rio, Buba Aguiar diz que perdeu as contas do número de vezes em que teve a sua casa invadida pelas forças policiais nos últimos anos. Longe do asfalto, a repressão é a regra, e agora ainda mais intensa a partir da intervenção militar decretada como medida espetacular pelo governo Michel Temer, sedento por apoio. 

Ela destacou que essa política repressiva é voltada “para um determinado povo”, que são aqueles que vivem nas favelas. “O tanque do Exército não está aqui na frente do Oi Casa Grande”, casa de espetáculos na zona sul da capital fluminense, que foi palco do debate Intervenção – Precisamos falar sobre o Fascismo, ocorrido nesta terça-feira (13). 

“Se vocês forem nas favelas – obviamente quando não está tendo operação –, vocês vão ver como é bom. A gente é muito feliz, é muito colorido, a gente é muito vivo, tem muita cultura. A gente é muito inteligente. Por que é que querem tanto matar a gente, acabar com a gente?”, questionou Buba, que também participa do Coletivo Fala Akari

O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão ressaltou que a lógica militar visa a debelar o inimigo com o uso da força total, enquanto a lógica da segurança pública usa o mínimo de força necessária para garantir os direitos individuais. 

“São lógicas completamente opostas. A gente vê que há uma enorme ilusão sendo vendida à população em relação a isso. É uma ilusão que é fascista”, frisou Aragão.

“O Estado nunca invadiu a favela com R$ 1 milhão por dia em cultura, saneamento e educação”, afirmou Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto, fazendo referência aos gastos realizados durante a ocupação da Favela da Maré, em 2014, que durou 15 meses e consumiu mais de R$ 550 milhões.

Fascismo é o silêncio num momento onde se exige posição. Há um avanço dessas pessoas ditas fascistas, que estão com coragem de se expor. O silêncio fortalece essas pessoas. É hora de se posicionar”, cobrou ele.

Assista à reportagem de Adriana Maria, para o Seu Jornal, da TVT: