Entre Vistas

‘Eu me pareço com a Dilma. Quando comecei a imitar, ela ainda era ministra’

'Peguei o personagem dela como uma mãe do povo, e mãe tem isso (de dar broncas nos filhos)', diz humorista Gustavo Mendes a Juca Kfouri, no 'Entre Vistas'. Assista aqui

reprodução/YT

Gustavo acumula mais de 20 milhões de visualizações em seu canal do YouTube

São Paulo – O apresentador Juca Kfouri recebeu, no programa Entre Vistas desta terça-feira (3), na TVT, o humorista Gustavo Mendes. Mendes é conhecido por imitar a ex-presidenta Dilma Rousseff em seu canal do YouTube, que já acumula cerca de 20 milhões de visualizações. “Acabei virando um porta-voz extraoficial dela”, brinca o comediante. Outros dois humoristas compõem a roda de conversa: Heraldo Firmino, ator, palhaço e coordenador do Programa de Formação de Palhaços para Jovens do Doutores da Alegria, e Agnes Zuliani, do Terça Insana.

Gustavo Mendes já passou por programas na TV aberta e é apresentador em um programa em canal fechado, além seguir nos palcos dos teatros, onde apresenta seu espetáculo Atrevido. Durante a conversa, ele conta a Juca Kfouri que decidiu interpretar a Dilma antes de ela ser eleita presidenta. “Eu me pareço com a Dilma. Quando comecei a imitar, ela ainda era ministra da Casa Civil (…) Peguei o personagem dela como uma mãe do povo, e mãe tem isso (de dar broncas nos filhos). Comecei a fazer o personagem ‘meio bravo'”, disse. A notoriedade do personagem levou o humorista a em encontro pessoal com Dilma.

“Eu a conheci depois do impeachment (2016)”, disse, ao contar que fez a imitação para ela logo no início da conversa. “Perguntaram o que ela tinha achado e ela falou algo que até hoje não entendi se gostou ou não”, afirma, em tom cômico.

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Limites

A conversa também passa por assuntos mais sérios como os limites éticos do humor e questões relacionadas a minorias. Tudo começa quando Firmino questiona Gustavo sobre a atuação de haters, internautas que o ofendem ou propagam discursos de ódio, visto que interpreta uma personagem de esquerda.

Tem muitos robôs, mas também tem uma molecada muito agressiva que defende seus ídolos. Fazem muita gritaria, mas são poucos. Leio todos os comentários”, diz. O comediante conta que no começo sentiu-se mal com o baixo nível das abordagens e discussões e que até foi fator decisivo para dar uma pausa na interpretação da personagem. “Me ameaçaram muito”, disse. 

Gustavo afirma que gosta de Dilma, apesar de ter críticas. “Gosto dela como pessoa, também como presidente. Acho que foi golpe seu impeachment e me posiciono politicamente”, disse. Entretanto, o humorista revela que não votou em Dilma no primeiro turno (das eleições de 2014), e sim na candidata do Psol à época, Luciana Genro. “Me arrependo, ela disse muita besteira. Mas queria que ela tivesse mais votos.” Já sobre o segundo colocado, senador Aécio Neves (PSDB-MG), Gustavo ironiza: “Sou mineiro. Mineiro não vota no Aécio”.

Os outros convidados também destacam a importância de estabelecer limites ao humor.  Para Agnes, é preciso mudar a mentalidade na sociedade, o que se reflete no humor. “As pessoas acham que é natural tirar sarro de quem está por baixo. Mas isso é cultural. Vivemos um momento em que temos que perceber que isso não é natural.”

Por fim, Gustavo acrescentou que, em sua visão, cada humorista carrega sua ética. “Só o humor salva. Humor e arte. Acredita que tem alguns grupos políticos que tratam a arte com uma pauta moralista?”, ironiza.

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