diversidade no futebol

Coletivo de palmeirenses lança manifesto contra homofobia nos estádios

Iniciativa surgiu após discussão sobre o tema nas redes sociais provocadas por jornalista palmeirense que expôs a necessidade de debater o direito à diversidade sem restrições

Eu Grito Porco/Reprodução

São Paulo – Em apoio ao jornalista William de Lucca, torcedor do Palmeiras e homossexual e à luta contra a homofobia, o coletivo Eu Grito Porco lançou um abaixo-assinado, pedindo o fim dos gritos homofóbicos nos estádios. A ideia é colher adesões de torcedores de todos os times. A iniciativa surgiu a partir da repercussão de declarações de William, que em sua conta no Twitter, manifestou-se contra o preconceito demonstrado pela torcida palmeirense durante partida contra o São Paulo, na quinta-feira passada (8), em partida válida pelo Campeonato Paulista.

A torcida do Palmeiras, em sua homofobia típica, canta que ‘todo viado nessa terra é tricolor’. Parece que encontrei uma exceção à regra: eu mesmo, viado e palmeirense, e que cola no estádio em todos os jogos”, publicou William. 

A declaração nas redes sociais rendeu vários apoios ao jornalista, mas também  ofensas e ameaças. Além dos ataques pela sua orientação sexual – William é fundador do Palmeiras Livre, movimento  que combate a homo e a transfobia, o racismo e todo tipo de sexismo nos estádios – ele também se viu vítima do atual momento de polarização política radical. “Esses grupos reacionários e que têm ecos nas torcidas, querem impedir o avanço de direitos das populações LGBT, por exemplo. Pelo fato de eu ser de esquerda e ter feito essa reclamação, faz as reações serem mais violentas. Tenho recebido muitas agressões, ameaças de morte, ofensas e muito disso é pelo fato de eu ser de esquerda”, afirma.

Alviverde fanático, William sempre vai aos jogos do seu time. Entretanto, relata, vive com medo da violência gerada pelo preconceito dentro dos estádios. “Não posso fazer demonstrações públicas de afeto com meus companheiros, porque sei que seremos vítimas de violência. A gente precisa viver uma vida ‘no armário’ lá, do jeito heteronormativo, isso é um problema”, lamenta.

ARQUIVO PESSOAL
Reclamação de William nas redes sociais rendeu apoio, mas também muitas ofensas e até ameaças de morte

Para ele, a homofobia é mascarada nos estádios através de uma tradição ruim. “Eu acredito que as pessoas achem que os gritos fazem parte da história do futebol. A gente ainda vê muitas demonstrações de racismo e machismo dentro da tradição do futebol e é algo ruim. Precisamos trabalhar para que isso desapareça, para que as pessoas se conscientizem que a orientação sexual e identidade de gênero não é ofensa”, diz.

Por outro lado, o palmeirense tem esperança de que seu grito possa influenciar outros torcedores e até jogadores a debaterem a discriminação nos estádios. “Eu quero que outros LGBTs mostrem que vão ao estádio e que falem sobre o assunto, mostrando como é ser gay e torcer para seu time de coração. A gente precisa ter mais visibilidade nesse aspecto.”

Em seu texto de apresentação do abaixo-assinado que pede apoio à luta contra a homofobia nos estádios de futebol, o Eu Grito Porco reforça a necessidade de se debater o direito à diversidade e à plena cidadania em todas as suas instâncias. “O futebol não é algo apartado da sociedade, pelo contrário, o respeito às diversidades de gênero, raça, classe e sexualidade devem ser primordiais em sua prática. Do contrário, diversos torcedores e torcedoras são afastados dos estádios”, diz o coletivo. 

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