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Unifesp divulga nota em defesa de professor intimado por ‘apologia’

Citado mais de 12 mil vezes em artigos científicos no mundo, Elisaldo Carlini prestou depoimento à polícia de São Paulo por defender uso medicinal da maconha

reprodução/UFG

O professor defende o uso de propriedades medicinais da cannabis sativa, mas é crítico ao seu uso recreativo

São Paulo – Após a polícia de São Paulo constranger um dos mais renomados especialistas em entorpecentes do Brasil, sob acusação de apologia ao crime, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) saiu em defesa de Elisaldo Carlini, professor emérito da instituição. “É hora de defender a democracia e a universidade. Chamamos toda a comunidade acadêmica da Unifesp a se solidarizar com o professor”, afirma nota assinada pela reitoria.

Carlini, que tem 88 anos, é dedicado ao ramo há 50. Condecorado duas vezes pela Presidência da República, o nome do pesquisador aparece como fonte em mais de 12 mil pesquisas nacionais e internacionais. Ele defende o uso de propriedades medicinais da cannabis sativa, a maconha, mas é crítico ao seu uso recreativo.

“Em um momento no qual as universidades públicas, que desenvolvem pesquisa de qualidade, lutam para continuar realizando ciência e formação, além de projetos sociais, torna-se ainda mais importante defender a vida e a obra do professor Elisaldo Carlini. Também é fundamental defender a importância do desenvolvimento científico, sem o qual não se pode conquistar a evolução para a condição humana”, diz o texto.

Confira a íntegra do posicionamento da Unifesp:

A Reitoria da Unifesp manifesta a sua preocupação com as recentes acusações feitas ao Prof. Elisaldo Carlini, professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), sendo um dos pioneiros da Farmacologia do nosso país.

Carlini vem sendo criminalizado em função de sua pesquisa sobre drogas medicinais à base de cannabis sativa, pelo qual é internacionalmente reconhecido, e foi intimado a depor à polícia de São Paulo na quarta-feira (21), sob a inaceitável acusação de fazer apologia ao crime, devido à sua pesquisa.

O Prof. Elisaldo Carlini formou-se em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) em 1956 e é um dos maiores especialistas em entorpecentes do Brasil, e um dos mais respeitados internacionalmente, tendo estudado os efeitos da maconha e de outras drogas em nível experimental durante toda sua vida profissional.

Ao longo dos seus 88 anos, foi condecorado duas vezes pela Presidência da República por seu trabalho como pesquisador, citado 12 mil vezes em pesquisas científicas nacionais e internacionais. Foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas (ECOSOC/ONU).

Doutor honoris causa de inúmeras universidades e instituições dentro e fora do país, Carlini também é diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), está no sétimo mandato como membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems, da Organização Mundial da Saúde (OMS), e continua ativamente debruçado em suas pesquisas experimentais, bem como na formação de doutores nessa área. Sua carreira e sua trajetória como intelectual e cientista demonstram claramente que o Prof. Carlini vive uma vida acadêmica em dedicação exclusiva.

Em um momento no qual as universidades públicas, que desenvolvem pesquisa de qualidade, lutam para continuar realizando ciência e formação, além de projetos sociais, torna-se ainda mais importante defender a vida e a obra do Prof. Elisaldo Carlini. Também é fundamental defender a importância do desenvolvimento científico, sem o qual não se pode conquistar a evolução para a condição humana.

É hora de defender a democracia e a universidade. Chamamos toda a comunidade acadêmica da Unifesp a se solidarizar com o Prof. Carlini e defender o desenvolvimento da ciência com autonomia e liberdade.

Universidade Federal de São Paulo – Unifesp

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