Ditadura nunca mais

Ato reivindica transformar antigo DOI-Codi em espaço de memória

Endereço em São Paulo foi o principal centro de tortura e extermínio durante a ditadura brasileira, com mais de 5 mil pessoas presas e cerca de 50 assassinadas

Fábio Arantes/Secom

Em março de 2014, outro ato no DOI-Codi de São Paulo marcou os 50 anos do golpe de 1964

São Paulo – Para marcar o 24 de março, Dia Internacional para o Direito à Verdade para as Vítimas de Graves Violações dos Direitos Humanos, decretado pela Organização das Nações Unidas (ONU), ocorrerá em São Paulo, nas dependências do antigo DOI-Codi, na Rua Tutoia, zona sul paulistana, o 5° Ato Unificado Ditadura Nunca Mais.

Organizado pelo Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça (CPMVJ) e o Núcleo de Preservação da Memória Política (NM), o ato pretender recordar a memória dos homens e mulheres que passaram pelo DOI-Codi de São Paulo, o maior centro de tortura e extermínio da ditadura civil-militar (1964-1985) em todo o Brasil.

A manifestação também tem como objetivo reivindicar que o local seja transformado num espaço de memória. Em 2014, tanto o terreno como os prédios que compõem o lugar – ali funciona atualmente o 36º Distrito Policial – foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). Porém, desde então, nenhuma resolução definitiva foi tomada pelo governo de estado.

Estima-se que cerca de 5 mil pessoas estiveram presas no DOI-Codi, submetidas a diversas práticas de tortura. Destas, por volta de 50 foram assassinadas.

“Há décadas, ex-prisioneiros, familiares dos mortos e democratas em geral têm insistido para que aquele ponto se transforme em um centro cultural, que preserve a memória e sirva de irradiação de cultura para as próximas gerações”, explica o comunicado dos organizadores, lembrando que diversos países sul-americanos que viveram dramas similares criaram espaços de memória e museus.

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Para viabilizar o 5° Ato Unificado Ditadura Nunca Mais, os organizadores do evento estão arrecadando recursos por meio de uma campanha colaborativa para suprir custos com transporte, material, infraestrutura, equipamento de som, entre outros.

“Pretendemos fazer algo combativo e alegre, com grupos de teatro, poesia, música e pintura. Os recursos que pretendemos arrecadar nessa campanha ajudarão a amenizar os nossos gastos e se por acaso restar algum valor será rigorosamente usado em função da preservação e da divulgação da memória histórica da resistência à ditadura militar”, afirma o comunicado dos grupos.

 

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