Cárcere infantil

SP participa de ato mundial pela libertação de crianças palestinas presas por Israel

Manifestação na cidade pede a liberdade de Ahed Tamimi, de 16 anos, e de centenas de crianças e adolescentes mantidas em prisões militares

Reprodução/Facebook

Ahed Tamimi é uma das 300 crianças e adolescentes atualmente em prisões militares de Israel

São Paulo – Ahed Tamimi tem 16 anos, é palestina e mora em Nabi Saleh, uma localidade perto de Ramallah, na Cisjordânia.  Em 19 de dezembro, ela foi presa após a divulgação de um vídeo em que aparece chutando um soldado israelense no pátio de sua própria casa, quatro dias antes da detenção. Naquele 15 de dezembro, horas antes, seu primo Mohammed Tamimi, de 15 anos, havia sido alvejado com um tiro no rosto por soldados israelenses durante um protesto – uma bala de metal revestida de borracha ficou alojada no seu crânio e o menino passou por cirurgia para removê-la parcialmente.

Desde então, Ahed Tamimi está presa em uma unidade do exército israelense, acusada de 12 crimes, entre os quais “ter agredido as forças de segurança, lançado pedras, ter proferido ameaças e participado de distúrbios”. O procurador militar do caso pediu 10 anos de prisão para a adolescente. Além da agressão ao soldado de Israel registrada no vídeo, as acusações incluem incidentes ocorridos há dois anos, como atirar pedras.

No último dia 17, Tamimi foi condenada à prisão pela corte militar israelense. Apesar disto, nesta quarta-feira (31) ela terá nova audiência no tribunal militar e, para marcar a data, organizações de direitos humanos estão realizando atos clamando por sua liberdade em diversas cidades do mundo. Em São Paulo, o ato será realizado hoje, a partir das 18h, no vão livre do Masp.

Cárcere infantil

Ahed Tamimi não está sozinha na prisão do exército israelense, tampouco sua detenção é um caso isolado. De acordo com entidades de direitos humanos, atualmente há cerca de 300 crianças e adolescentes palestinos nos cárceres de Israel, junto com mais de 6 mil presos políticos, incluindo mulheres, além de centenas sob detenção administrativa, sem qualquer acusação formal.

Todos os anos, os tribunais israelenses processam entre 500 e 700 jovens palestinos, principalmente por acusações de lançamento de pedra, de acordo com a ONG Defense for Children International-Palestine. Desde o ano 2000, a estimativa é que em torno de 10 mil crianças e adolescentes já tenham sido detidos na Cisjordânia, incluindo crianças com 12 anos de idade e, em alguns casos, até menos, com 6 e 7 anos.

Entidades internacionais de direitos humanos e a Organização das Nações Unidas (ONU) têm denunciado há anos as torturas sistemáticas e maus-tratos aos quais os jovens são submetidos, incluindo prisões em “solitárias” e abuso sexual.

“Nada que Ahed Tamimi tenha feito pode justificar a detenção contínua de uma menina de 16 anos. As autoridades israelenses devem libertá-la urgentemente”, declarou, em dezembro, Madgalena Mughrabi, vice-diretora da Anistia Internacional para Oriente Médio e Norte da África. 

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