tempos sombrios

Fux propõe medida que pode trazer censura prévia de volta

Segundo o jornalista Luis Nassif, blogs e portais que fazem o enfrentamento da chamada mídia tradicional devem combater a estrutura que espalha notícias falsas (fake news) pelas redes sociais

STF/ASCOM

Para jornalista, medida proposta por ministro de combate às notícias falsas não atingirá a manipulação feita pela grande mídia

São Paulo – O jornalista Luis Nassif alerta que a censura prévia, combatida durante a ditadura civil-militar, pode estar voltando à mídia tradicional. Segundo ele, uma medida proposta pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux para coibir previamente as chamadas fake news (notícias falsas) seja coibido previamente, pode trazer consequências negativas à liberdade de manifestação. Fux presidirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de fevereiro.

O ministro pediu à direção da Polícia Federal que seja formado um grupo em conjunto com outros órgãos federais para discutir meios de coibir a propagação de notícias falsas durante as eleições deste ano. Entretanto, Nassif alerta que a intenção é de desarticular toda a estrutura de contraponto que blogs e redes sociais fazem à grande mídia.

“Qual é o conceito de fake news? É de que a notícia falsa vem das redes sociais, não vem dos jornais. Eu pergunto: se a revista Veja der uma capa como a que deu na véspera das eleições [de 2014], o pessoal do Tribunal Superior Eleitoral irá interferir e acusar de fake? Então isso é direcionado objetivamente para desarticular as estruturas de contraponto que estão montadas para a campanha”, afirma o jornalista, em entrevista ao Seu Jornal, da TVT.

Para ele, tentar prevenir as fake news pode levar a ataques contra direitos constitucionais. “A Constituição assegura o direito de liberdade expressão, mas é evidente que você tem que coibir os abusos. Agora, com a ideia do Luiz Fux, como você vai agir preventivamente em relação às manifestações de expressão? Censura prévia? São ameaças que colidem frontalmente com a Constituição”, explica Nassif.

Ele também lembra que as fake news não são só notícias de grande alcance ou boatos viralizados nas redes sociais, mas também a manipulação da informação em fatos de menor escala ou impacto. “Eu vi a cobertura de uma semana que a mídia fez sobre uma denúncia contra o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), de que pagou uma tapioca com cartão corporativo. Quando se transforma isso em fato grave, está manipulando a notícia, ou seja, é fake. Eles vão investir contra isso? Lógico que não”, critica.

Assista à entrevista:

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