'Gota d'água'

Doria celebra novas moradias. Para movimentos, não há o que comemorar

'É uma tragédia, 2017 é um dos piores anos na área da habitação. Nem nos governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se construiu tão pouco”, disse Raimundo Bonfim, da CMP

Leon Rodrigues/SECOM

Doria entregou em 2017 cerca de duas mil moradias, iniciadas na gestão Haddad, e contratou outras seis mil

São Paulo – O prefeito João Doria (PSDB) convocou coletiva de imprensa para anunciar, nesta sexta-feira (15), a assinatura de contrato para a construção de 1.900 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida – faixa 1. Ao todo, serão investidos R$ 270 milhões para a construção dos conjuntos habitacionais Augusto Amaral (na zona norte), Guido Caloi (na zona sul) e São Carlos A e B (em Guaianases, zona leste).  

Tendo ao lado o ministro das Cidades Alexandre Baldy, o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) Gilberto Occhi, e o secretário-adjunto de Habitação do estado Nelson Baeta, o prefeito elogiou o esforço conjunto entre as três esferas da federação. Do total de recursos a serem investidos, 67% são provenientes do governo federal, 14% do governo do estado e 19% da prefeitura.

Também presente na solenidade, o secretário municipal de Habitação Fernando Chucre destacou que a construção destas 1.900 unidades se somam a outras duas mil moradias já entregues na capital desde janeiro – cujas obras iniciaram na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad) – , além de cerca de seis mil unidades contratadas na atual gestão e outras duas mil em processo de contratação.

Apesar do tom festivo da cerimônia, o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) Raimundo Bonfim avalia que não há muito a comemorar. “É ridículo para uma cidade como São Paulo entregar só duas mil moradias. É uma tragédia, 2017 é um dos piores anos na área da habitação. Nem nos governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se construiu tão pouco”, disse. “Construir 1.900 unidades é uma gota d’água.” 

O déficit habitacional na cidade de São Paulo é estimado em cerca de 370 mil famílias, o maior do país. Segundo o prefeito Doria, as obras das 1.900 unidades contratadas iniciarão em janeiro de 2018, com prazo de cerca de 18 meses para a conclusão.

Entidades

Raimundo Bonfim também critica a estagnação da modalidade Minha Casa, Minha Vida – Entidades, criado em 2009 com o objetivo de tornar a moradia acessível às famílias organizadas por meio de cooperativas habitacionais, associações e entidades privadas sem fins lucrativos. Desde que Michel Temer tomou posse, em 2016, nenhuma contratação foi efetivada.

“Isso demonstra a total desconexão do governo federal com os movimentos sociais. O que era uma prioridade antes, no governo Temer paralisou totalmente”, afirma Bonfim. Para o coordenador da Central de Movimentos Populares, a crise social e econômica pela qual passa o país, com alta taxa de desemprego, só tende a agravar o problema de moradia e o déficit habitacional.

Questionado sobre a interrupção da modalidade Minha Casa, Minha Vida – Entidades, o ministro das Cidades, Alexandre Baldy justificou que o programa “enfrentou desafios” em 2015 e 2016. O ministro reconheceu o problema e afirmou atuar para retomar a contratação das unidades habitacionais desta modalidade. “Essa é, com certeza, uma das prioridades que enfrentamos para resolver, ainda esse ano, essa modalidade.”

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