Racismo premiado

Prefeitura implica com marcha da Consciência Negra. E Doria vai ganhar troféu

CET falta a reunião para organizar tradicional atividade do 20 de novembro em São Paulo e anuncia multa a 14º Marcha da Consciência Negra. Mas a marcha acontece

Andrei Índio e Jornalistas Livres

A 14ª Marcha da Consciência Negra não aceita restrição da prefeitura e segue para o centro

São Paulo – A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da Prefeitura de São Paulo e a Polícia Militar, contrariando o que havia sido acordado anteriormente, tentaram proibir a saída do carro de som da 14ª Marcha da Consciência Negra, na Avenida Paulista. De acordo com a organização da tradicional manifestação do 20 de novembro, a CET não enviou representantes a reuniões prévias, preparatórias ao evento, evidenciando má-fé para com a promoção da atividade.

As diversas entidades do movimento negro decidiram enfrentar a medida – correndo risco de arcar com multa de R$ 5.800. O carro de som mantém a programação, percorrendo a avenida e tomando marcha em direção ao Teatro Municipal, no coração da cidade. 

Os movimentos consideram a atitude uma “aberração, que ilustra de forma inequívoca o cinismo” de uma premiação prevista para a noite desta segunda-feira, quando o prefeito João Doria – que desativou a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial aos assumir a gestão – recebe o “Troféu Raça Negra”, em evento programado para as 20h na Sala São Paulo, estação Júlio Prestes da companhia de trens.

Em nota, a CET negou que tenha tentado impedir o evento. “A CET não tentou impedir nenhuma manifestação. O caminhão não poderia trafegar porque a via estava fechada para o lazer da população pelo programa Ruas Abertas. Após a negociação com os organizadores, a CET e a Polícia Militar, o veículo foi autorizado a se posicionar em frente ao MASP, sem poder se deslocar, e a marcha realizou-se sem problemas. 

A CET afirma que o pedido apresentado pelos organizadores para fechamento da Paulista foi indeferido. A decisão foi tomada com base na existência de um Termo de Ajustamento de Conduta do Ministério Público, que só autoriza a realização de três eventos na avenida ao longo do ano: Parada LGBT, Réveillon e São Silvestre. E pelo fato de a via ser fechada aos domingos e feriados para o lazer da população. 

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