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Ato em defesa da água e de comunidades tradicionais reuniu 10 mil em Correntina

Moradores, ribeirinhos e pequenos agricultores protestaram contra uso excessivo de água pelo agronegócio no Extremo Oeste Baiano e contra criminalização da população

Divulgação

Fazenda tem autorização para utilizar 180 metros cúbicos de água por dia – mas retira mais de 1 milhão

São Paulo – Uma manifestação reuniu no sábado (11) cerca de 10 mil pessoas em defesa dos rios da região do município de Correntina, no Extremo Oeste Baiano, a 900 quilômetros de Salvador. O ato público em defesa do Rio Arrojado protestou contra a apropriação indevida da água pelo agronegócio. E expressou solidariedade aos trabalhadores que, no dia 2 de novembro, ocuparam duas fazendas da localidade. Após a ação, eles passaram a ser criminalizados e um contingente policial desproporcional foi destacado para acompanhar o ato de sábado, incluindo Tropa de Choque.

Após a ocupação, o Jornal Nacional, da Globo, atendendo a interesses de grandes proprietários, veiculou reportagem criminalizando o povo da cidade que sofre com problemas de abastecimento de água devido aos projetos de irrigação das fazendas Curitiba e Igarashi. A imprensa local e nacional embarcou na falsa informação – “MST promove terrorismo na Bahia”, diziam as manchetes. A senadora Ana Amélia (PP-RS), chegou a fazer pronunciamento na tribuna do Senado atacando a organização.

O MST rebateu, denunciando que a Igarashi, de mais de 5 mil hectares e de capital japonês, desenvolve monocultura e a capta água dos rios Carinhanha, Correntino e Rio Grande, numa região com muita deficiência de água. E que por conta disso apoia a luta das centenas de famílias de comunidades rurais tradicionais da região, que dependem dessa água. E esclarece que o movimento nem sequer tem assentamentos na localidade.

“Várias manchetes apontam o MST como participante da ação, porém, enquanto organização popular, não há envolvimento nessa mobilização. Mesmo assim, reiteramos que apoiamos as ações de denúncia ao agronegócio, principalmente quando existe um processo de privatização de recursos naturais e investimentos antipopulares, que neste caso, afeta diretamente as comunidades camponesas localizadas nas proximidades das fazendas”, afirmou o MST em nota.

Os manifestantes denunciam que a grande quantidade de água retirada pelas fazendas afeta o volume do rio e prejudica o abastecimento da população e a atividade de pequenos agricultores e ribeirinhos. A Fazenda Igarashi tem autorização para utilizar 180 mil metros cúbicos de água por dia – mas retira mais de 1 milhão – volume correspondente e um terço do necessário para abastecer toda a cidade.

Assista à reportagem da TVT

 

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