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Artistas celebram ocupação cultural com lançamento de documentário

Centro Cultural Ouvidor 63 está em um prédio abandonado do centro da capital paulista desde maio de 2014. O edifício renovado serve como incubadora de novos artistas

reprodução/facebook

O coletivo classifica a experiência como ‘uma trajetória bastante intensa e plural’

São Paulo – Artistas que trabalham com diferentes linguagens ocupam um prédio de 13 andares na região central da capital paulista desde 1º de maio de 2014. O Centro Cultural Ouvidor 63 reúne músicos, grafiteiros, escultores, circenses, pintores e atores que deram nova vida ao local por meio da expressão artística, fazendo com que a função social do edifício do governo do estado, abandonado por anos, seja cumprida.

Em muitas ocasiões, o governo tentou vender o edifício por meio da realização de leilões, sem sucesso, por ausência de compradores. Nesse período, o prédio foi revitalizado, tornando-se referência para artistas da cidade. “Uma galera de São Paulo e de Porto Alegre se reuniu com o intuito de fazer arte e ter uma vida mais confortável ao ocupar este prédio”, explica o desenhista e músico Paulo Ricardo, residente do Centro Cultural.

Agora, os artistas trabalham em uma agenda para o quarto ano de ocupação. Entre os atos, está planejado o lançamento nesta quarta-feira (11) de um documentário intitulado Universo63. O material será divulgado no Youtube. “Os universos de alguns moradores deram cor a partir da experiência de coletividade no cotidiano desde a entrada no prédio até hoje. O documentário foi gravado no segundo semestre de 2016”, relata em nota o coletivo de artistas.

“Faço desenhos e as pessoas olham, cada um tem sua história e sua imaginação. Faço telas e deixo cada um ter sua ‘viagem’. Também sou músico, aprendi diferentes instrumentos aqui com o pessoal. Muitos tocam demais e a carreira que quero seguir é de a músico”, afirma Ricardo. “Toda a arte tem o sentimento do artista. Uso materiais leves como isopor, também correntes, tintas, cacos de vidro e pedras. Escrevo o peso que sinto”, diz o artista plástico Vítor Campilongo.

O coletivo classifica a experiência como “uma trajetória bastante intensa e plural ao longo desses três anos, chamando a atenção de um público diversificado, inclusive pesquisadores oriundos de instituições nacionais e internacionais, como universidades, sindicatos e imprensa”. O local também serve como incubadora de artistas iniciantes que não teriam outro espaço para se desenvolver profissionalmente.

“As parcerias, influências e fluxos gerados em três anos podem ser consideradas além das expectativas iniciais. As ruas de São Paulo estão mais coloridas pela resistência de dezenas de artistas de toda a América Latina, performances, apresentações musicais e intervenções artísticas em praças públicas contam com o protagonismo e participação da Ocupação. Pesquisadores, documentaristas, curiosos e estudantes de muitas partes do mundo surgem com frequência e interesse por nossa estética, processos criativos e, sobretudo, pela forma de ressignificação da cidade”, completa a nota do coletivo.

No quarto ano de ocupação artística, os residentes planejam ações como a instituição de uma universidade livre, a realização da segunda bienal do Ouvidor 63, além do atendimento ao público infanto-juvenil e adulto da região. Para a execução das atividades, o coletivo pede doações de materiais como ferramentas para xilogravuras, esculturas, serigrafia, costura, escultura, pintura, bonecos e cenografia, comunicação e audiovisual, desenho, fotografia, cozinha, maquiagens circenses, livros, horta, infraestrutura de manutenção e tatuagem.

Para quem quiser obter informações sobre o local e colaborar, o coletivo tem a página do Facebook, o e-mail [email protected] e o telefone (11) 94200-5593.

 

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