gestão Doria

Pressão popular evita corte em linha de ônibus da zona leste de São Paulo

Moradores do Jardim Helian protestaram contra mudanças na linha 251F, que liga os terminais São Mateus e A.E. Carvalho e conseguiram vitória

Eduardo Anizelli/Folhapress

A zona leste é a que teve maior número de linhas extintas ou alteradas desde o início da gestão Doria

São Paulo – Após mobilização de moradores do Jardim Helian, na zona leste da capital paulista, a gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu rever a redução de itinerário da linha 253F-10 Term. A. E. Carvalho – Term. São Mateus, que passaria a atender somente até a estação Dom Bosco, da Linha 11-Coral da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a partir de amanhã (19).

A medida reduziria o trajeto de 18 para seis quilômetros e forçaria os usuários a fazer baldeação ou integração tarifada com a rede de trens, além de deixá-los sem integração direta com o sistema de ônibus metropolitano que atende no terminal São Mateus, ligando a zona leste com a região do ABC paulista.

Nessa quinta-feira (17), moradores do Jardim Helian protestaram na sede da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes contra o corte da linha. Eles estimam que 40 mil pessoas seriam afetadas pela alteração, que deixaria 15 ruas sem ônibus. Isso porque a linha 253-F atende, além dos terminais e bairros, o Sesc Itaquera, o planetário do Carmo e uma empresa de call center com cerca de dois mil funcionários. O itinerário existe há aproximadamente 25 anos e já sofreu pequenas alterações, mas sem afetar significativamente o percurso.

Segundo o presidente da Associação de Moradores do Jardim Helian, Rodrigo Reis, a secretaria vai realizar audiências com a população e avaliar a melhor alternativa para a região. “Não teve nenhum diálogo anterior. Soubemos por conta do aviso na própria linha. Entramos em contato com a SPTrans antes, mas fomos ignorados. Só com a ação de ontem fomos ouvidos”, explicou Reis.

Ontem a RBA noticiou que, desde 1º de janeiro, a gestão Doria já eliminou 51 linhas de ônibus em várias regiões da cidade, das quais 50 eram diárias e uma noturna. Outras 29 linhas foram alteradas, cinco deixaram de circular aos sábados, 12 não rodam mais aos domingos e feriados e 12 tiveram seus itinerários reduzidos, passando a exigir integração dos passageiros para chegar ao destino atendido anteriormente. Mais cinco serão alteradas em breve, dentre as quais estava a linha 253-F.

Das nove regiões da cidade em que está dividido o transporte coletivo de ônibus, somente a zona sudeste (5) não teve mudanças em linhas. A região central (9) não é origem de linhas, apenas destino. A zona leste (áreas 3 e 4) teve mais modificações, com 32 linhas alteradas. Em seguida vem a zona sul (áreas 6 e 7), com 25 mudanças. A região norte (2) teve 14 mudanças. A região oeste (8) teve sete alterações e a noroeste (1) teve seis modificações, aqui consideradas as cinco que vão ocorrer até o final do mês.

A maior parte das linhas extintas são as chamadas linhas de apoio. A rede de transporte coletivo é projetada com uma linha base, que tem o código 10 após o número da linha. As linhas de apoio têm o mesmo número, mas apresentam códigos diferentes: 21, para itinerário mais curto; 31, para o mesmo ponto final passando por outras ruas, e 41 para extensão além do ponto final original. As linhas de apoio servem para desafogar o sistema, oferecendo itinerários alternativos que contribuem para reduzir a lotação da linha base.

Em nota emitida ontem, a SPTrans informou que as alterações operacionais realizadas ao longo de 2017 têm como objetivo tornar o sistema municipal de transporte coletivo mais eficiente e dar fluidez aos ônibus, diminuindo a sobreposição de linhas e possibilitando diminuir o intervalo entre veículos, tornando as viagens dos passageiros mais confortáveis e rápidas.

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