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Gestão Doria estuda fechar bases da Guarda Civil Metropolitana

Prefeitura tem déficit de quase 10 mil agentes e realoca 80 guardas por dia das periferias para o centro da cidade para apoiar ações

Joel Silva/Folhapress

GCM conta com baixo efetivo e pode perder bases operacionais em reestruturação da gestão Doria

São Paulo – A gestão do prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), pode fechar parte das bases e inspetorias da Guarda Civil Metropolitana (GCM) em um processo de reorganização geográfica para assimilar a atuação do efetivo à das polícias Civil e Militar, de responsabilidade do governo estadual. O Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos de São Paulo (Sindguardas) teme que esta reestruturação mude completamente as atuais áreas de atuação da GCM e, em alguns casos, leve ao fechamento de Inspetorias Regionais, principalmente na periferia.

O Sindguardas discutiu o assunto com o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Segurança Urbana, coronel PM Fernando Lorencini. A pasta é chefiada pelo também coronel PM José Roberto Rodrigues de Oliveira. “Nós somos contra o fechamento de unidades. Mas não nos foi apresentada qualquer proposta objetiva. O nosso principal problema hoje é a falta de gente, o que também pode justificar o fechamento de unidades”, afirmou o presidente do Sindiguardas, Clovis Roberto Pereira.

A cidade de São Paulo tem hoje 41 inspetorias distribuídas pela cidade, 33 nas mesmas fronteiras das prefeituras regionais. No centro ficam cinco inspetorias: Avenida Paulista, Consolação, Sé, Sede da Prefeitura e Câmara Municipal. As duas primeiras tiveram ampliação de efetivo de 119 para 164 guardas e de 166 para 219, respectivamente, além de grande concentração de efetivo na região da Luz, na chamada Cracolândia, e outra nova inspetoria aberta pela gestão Doria no Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM).

Essas alterações não foram acompanhadas de aumento do efetivo da GCM. Hoje a Guarda conta com 5.780 agentes. Segundo o plano de reestruturação elaborado pela gestão de Fernando Haddad (PT), que realizou o único concurso em 10 anos, a proposta era chegar a 15 mil guardas na cidade. Número ainda abaixo dos 24 mil determinados pelo Estatuto Geral das Guardas Municipais. O concurso selecionou dois mil guardas, dos quais 500 foram contratados na gestão Haddad e outros 200 iniciaram treinamento em maio deste ano. O concurso vale até 2018.

A falta de profissionais faz com a gestão tenha de cotidianamente remanejar os guardas de bases na periferia para o centro da cidade. “A região central tem sete unidades operacionais. Todo dia tem de trazer de 70 a 80 GCMs da periferia para apoiar as ações na região central. E quando faz isso você descobre a periferia, porque o cobertor é curto. Temos o menor efetivo desde 2004. Sem contar o gasto de levar o profissional de viatura de Parelheiros ao centro, por exemplo, e o tempo perdido”, relatou Pereira.

O presidente do Sindguardas também considera que uma reestruturação buscando acompanhar a distribuição geográfica das polícias do governo estadual é um erro. “A nossa divisão está colocada no mesmo limite da prefeitura regional. Toda a atuação é planejada nesse território. Mudar isso pode complicar o planejamento, deixar ruas sem clareza de a qual jurisdição pertencem. O correto é que as forças de segurança que atuam em São Paulo se adequem ao planejamento territorial da cidade, melhorando o atendimento à população”, afirmou. 

Em nota, a Secretaria de Segurança Urbana não negou a intenção de fechar bases da GCM, mas diz que não houve qualquer definição sobre o assunto. “A Secretaria de Segurança Urbana não definiu nenhuma ação ou alteração nas inspetorias. Diversos assuntos são debatidos em reuniões de trabalho e visam otimizar as ações dos agentes na cidade”.