Museu virtual

Segunda fase do Memorial da Democracia é apresentada hoje em Belo Horizonte

Período histórico lançado nesta segunda (10) vai de 1930-1945 e de 1945-1964. 'A democracia no Brasil nunca caiu do céu, sempre foi arduamente conquistada e assim é até hoje', diz Franklin Martins

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Imagem de 2 de janeiro de 1930, na Esplanada do Castelo, Rio de Janeiro: comício de campanha do Getúlio Vargas

São Paulo – O Instituto Lula lança nesta segunda-feira (10), em Belo Horizonte, a segunda fase do Memorial da Democracia, um museu-biblioteca virtual multimídia dedicado a contar a história da construção da democracia no Brasil, reunindo textos, fotos, músicas, filmes, vídeos e jornais da época.

“Uma informação cultural e social muito ampla”, como definiu o jornalista Franklin Martins, coordenador do Memorial da Democracia, em entrevista para a Rádio Brasil Atual. “Não é um museu físico, parado no passado, é um museu que dialoga o tempo todo com o presente. Você não precisa ir no museu, ele vai até você”, explicou, destacando as possibilidade de acesso via tablets, telefone celular e computadores.

Inaugura em setembro de 2015, a iniciativa chega agora à segunda fase, que será apresentada hoje a partir das 19h30, no Palácio das Artes, na capital mineira. Essa fase abrange os períodos de 1930-1945 (da revolução de 30 até o final do governo de Getúlio Vargas); e de 1945-1964, ano do golpe civil-militar. Ao todo, são mais de 300 episódios e 24 capítulos especiais.

“É um período riquíssimo na construção da democracia no Brasil, porque pela primeira vez o povo começa realmente a participar da disputa política do país”, afirma Franklin Martins, lembrando que antes de 1930 só 5% da população havia votado na última eleição, enquanto 15 anos depois esse percentual foi para 13%. Hoje, 50% da população brasileira participa das eleições.

Ouça a entrevista de Franklin Martins:

O coordenador do memorial destaca a importância de a segunda fase estar sendo concluída justamente nos dias atuais, época em que há “um atropelo da democracia no país, aos direitos sociais e das minorias”.

“A democracia é uma construção e sempre se faz enfrentando enorme resistência das classes dominantes. No Brasil é assim, eles não querem ceder poder, querem concentrar e manter o povo sempre afastado da política. A democracia no Brasil nunca caiu do céu, sempre foi arduamente conquistada e assim é até hoje. E a gente aprende com o passado para lutar melhor no presente e poder sonhar com o futuro”, afirmou Franklin Martins.

Concebido por uma equipe de jornalistas, historiadores, educadores, artistas e pesquisadores, o objetivo do Memorial da Democracia é colocar à disposição da população brasileira “conteúdos dinâmicos sobre a longa caminhada desde a Colônia até o século 21 em busca de democracia com justiça social”.

Os primeiro períodos históricos já lançados pelo Memorial da Democracia foram 1964-1985 e de 1985-2002, ano da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O memorial é apresentado no formato de uma linha do tempo, acrescida de fatos e movimentos à parte, como a reforma agrária nos anos de 1960, a resistência da imprensa alternativa na ditadura, a luta estudantil e a construção das leis trabalhistas, por exemplo.

Também pesquisador musical, Franklin Martins observa a importância da música brasileira no processo de construção democrática do país, ao falar de diversos temas no próprio momento em que eles estão ocorrendo. Para Martins, a música brasileira é, em geral, “brincalhona”, mas assume tom “dramático” no período da ditadura.

“Temos uma riqueza musical imensa contando a história da República e da luta pela democracia no Brasil. Nosso povo é musical e isso aparece quando ele se debruça sobre a sua vida e os fatos políticos do país”, afirma.

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