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Manifestantes queimam bonecos de Temer em São Paulo contra governo e reformas

Ato convocado pela Frente Povo sem Medo reuniu centenas em vigília contra as reformas propostas pelo governo. 'Retrocesso de 100 anos', afirma coordenador

‘Viemos dar o recado de que não vamos aceitar esse ataque à classe trabalhadora’, afirmou Felipe Vono

São Paulo – Um novo protesto contra o governo de Michel Temer (PMDB) e suas propostas de reformas trabalhista e da Previdência foi realizado no fim tarde de segunda-feira (10), no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, região central da capital paulista. “Estamos aqui para mostrar nosso descontentamento com as reformas que esse governo ilegítimo e corrupto, prestes a cair, está querendo aprovar”, afirmou Felipe Vono, da coordenação estadual da Frente Povo sem Medo. Reformas que atacam 100 anos de direitos conquistados pela classe trabalhadora através de muita luta”, completou.

O ato foi convocado pela Frente Povo Sem Medo para pressionar os senadores contra a votação da reforma trabalhista, que pode ser votado hoje (11) pelo plenário daquela Casa. “Viemos dar o recado de que não vamos aceitar esse ataque à classe trabalhadora. Exigimos também eleições diretas para que o povo possa escolher aqueles que de fato o representam, o que não é o caso desse governo”, disse Vono.

Seguindo em passeata até a frente da sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), por volta das 20h, manifestantes atearam fogo em três bonecos representando o presidente Temer – a Fiesp foi uma das maiores patrocinadoras das mobilizações que derrubaram a presidenta Dilma Rousseff (PT), eleita em 2014.

A iminência do fim do governo Temer sem participação popular para a definição de sua sucessão também foi repudiada. “Estamos exigindo que a troca se dê de forma democrática, pela escolha do povo, dos trabalhadores, e não pela escolha indireta de um Congresso que está manchado pela corrupção. Querem qualquer um que substitua o Temer nas mesmas condições, o que vai manter a crise de legitimidade. Mesmo o Temer sendo substituído por Rodrigo Maia (presidente da Câmara dos Deputados, do DEM-RJ, próximo na linha sucessória em caso de queda de Temer), ele também é investigado, um sujeito absolutamente maculado por um processo de corrupção”, disse Vono.

Ontem, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) encaminhou parecer favorável após pedido da Procuradoria-Geral da República, para a abertura de processo de investigação contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Casa, por crime de corrupção passiva, após revelação de gravações feitas por um dos donos da JBS, Joesley Batista.

Outra saída

Para Edva Aguilar, integrante do Movimento Nacional pela Anulação do Impeachment, um novo processo de eleições diretas também não restabelece a normalidade democrática do país, rompida pelo processo de afastamento de Dilma Rousseff. “O impeachment da Dilma foi sem causa, sem mérito, portanto, um golpe. O povo foi às urnas mas seu voto foi rasgado. A saída não é voltar para as urnas. Enquanto a legitimidade do voto não for resgatado, não existe democracia, tanto faz votar quando não votar”, afirma a ativista, que ontem  coletava assinaturas para um abaixo-assinado para mover uma ação popular pela anulação do impeachment.

Segundo Edva, uma vez anulado o impeachment, abre-se a possibilidade de estancar o andamento das reformas propostas por Temer, além de rever medidas já tomadas, como o congelamento dos gastos com saúde e educação por 20 anos. “Se anularmos o impeachment, podemos questionar judicialmente todo o ocorrido durante o governo golpista. Então, tudo pode ser questionado, essa é a saída.”