Familiares cobram informações sobre presos uma semana após rebelião
Segundo a presidenta da Associação de Amigos e Familiares de Presos, Secretaria de Administração Penitenciária do governo do estado tem sonegado informações aos parentes
Publicado 31/07/2017 - 17h11
São Paulo – Uma semana depois de uma rebelião que eclodiu no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros (CDP), na última segunda-feira (24), os familiares dos presos seguem sem ter informações precisas sobre a situação dos internos. Segundo a Associação de Amigos e Familiares de Presos (Amparar), a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), do governo do estado, tem sonegado informações aos parentes, cancelado visitas e impedido organizações que assistem familiares detentos de entrar no local.
Na manhã dessa segunda-feira (31), cerca de 50 familiares estiveram em frente ao CDP à espera de notícias. Sem sucesso, parte do grupo decidiu se dirigir ao Fórum da Barra Funda, na região central, para pedir ajuda da Justiça e cobrar que seja feito o exame de corpo delito nos detentos, pois há informações de que haveria presos feridos, segundo a presidenta da Amparar, Raílda Alves.
Em nota, a SAP informou que não existem feridos em estado grave, mas não divulgou sequer o motivo da rebelião. “Os presos diretamente envolvidos na ocorrência foram transferidos para outra unidade, que não pode ser informada por questão de segurança. A administração do CDP instaurou Procedimento Apuratório e disciplinar para elucidação dos fatos”, afirmou.
Na última quarta-feira (27), o Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo esteve no CDP de Pinheiros para colher informações sobre o estado dos detentos, principalmente sobre atendimento médico a feridos, bem como do estabelecimento prisional, que sofreu danos após o incêndio ocorrido durante a rebelião.
O CDP de Pinheiros segue um padrão de demais centros que seguem tal modelo e trabalha com superlotação. De acordo com dados da SAP, o CDP I, local da rebelião, abriga hoje 1.388 presos, sendo que a lotação máxima da casa é de 521. O encarceramento intenso em curso no Brasil afeta diretamente esses centros, pois de acordo com levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 34% dos detentos não foram julgados, e o tempo médio da manutenção de tal situação varia de 172 dias a 974 dias, muitos deles detidos e sem a necessidade da pena.