nenhum direito a menos

‘Temer e sua equipe são uma quadrilha de homens brancos no poder’, diz Elisa Lucinda

'Estamos reunidos porque não fugimos da luta. O Brasil precisa de nós. A civilização que fez esquecer as premissas dos povos originários, do negro e do índio, deu nisso', diz a atriz e poeta

Coletivo Diretas Já

‘Meninos mimados não podem representar a nação. Eu não quero viver assim’, disse Criolo

São Paulo – “Estamos reunidos porque não fugimos da luta. O Brasil precisa de nós. A civilização que fez esquecer as premissas dos povos originários, do negro e do índio, deu nisso”, disse a atriz e poeta Elisa Lucinda durante o ato SP pelas Diretas Já, no Largo da Batata, zona Oeste da capital. “Fora Temer pelo amor de Deus! Como é que pode? Parece que Brasília está de costas, não nos escuta. O homem está lá de pirraça e fugindo da polícia”, disse emocionada ao pedir o fim do governo de Michel Temer (PMDB) e a realização de eleições diretas.

Para Elisa, Temer e sua equipe são “uma quadrilha de ladrões brancos” no poder. “Não tem nenhum preto na Lava Jato. Precisamos de uma vassoura. Quem tem vergonha de ter um tataravô senhor de engenho, não se esqueça que existiram brancos abolicionistas. Quem teve avô da chibata, mude a história quando chegou na sua vez. Observem, vamos mudar (…) Somos (artistas) representantes de muitas vozes. Parece que estou sozinha mas sou uma tribo”, disse.

Elisa ainda trouxe uma mensagem da cantora Beth Carvalho, que se recupera de complicações médicas após sentir fortes dores na coluna no fim do mês passado. “Beth está se recuperando, golpeando a morte, graças a Deus, forte e brava. Ela pediu para que eu dissesse algo. Uma honra. Ela pediu para eu dizer: Beth Carvalho exige diretas já“, disse.

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Elisa Lucinda: ‘Estamos reunidos porque não fugimos da luta’

À frente do Acadêmicos do Baixo Augusta, um dos blocos de carnaval que organizaram o ato de hoje (4), o cantor Simoninha disse que “felizmente esse governo chegou ao fim” e que é hora de encontrar novas saídas. “Democraticamente acima de tudo. O Brasil precisa e merece mais do que os políticos que hoje estão em Brasília. Estamos aqui dizendo que esse governo não nos representa.”

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Simoninha à frente do Acadêmicos do Baixo Augusta

O rapper Emicida foi recebido com euforia pelo público com suas canções de conteúdo crítico. “A base desse sistema somos nós. Vamos nos mover para acabar com ele. Não só aqui, onde a bala é de borracha, mas também na periferia onde a bala é de verdade. É importante se mover”, afirmou. Na sequência, subiu ao palco o sambista Péricles que agradeceu pela presença dos manifestantes: “Obrigado pela chance de poder ver o país mudar e vocês são a mudança. É o momento de tomarmos os rumos da nossa vida e do nosso futuro.”

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Emicida levantou o público com suas letras de protesto

O guitarrista Edgar Scandurra também deixou seu recado ao lembrar das reformas trabalhista e da Previdência, propostas pelo governo Temer. “Estamos aqui contra esse pacote de maldades desse governo completamente corrupto. Um governo denunciado com provas, gravações feitas nesse país de dedos duros. Temos de fazer uma limpeza e quanto maior e mais alto for o grito, mais ele vai sair de uma bolha para atingir toda a população. Vamos tirar esse presidente e conseguiremos novas eleições.”

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Pernambucano Otto se manifestou em São Paulo por eleições diretas

Scandurra ainda desabafou: “Se eu pudesse realizar um sonho seria: volta Dilma e termina seu mandato. Mas como não é possível, vamos lutar por diretas”.

O pernambucano Otto subiu ao palco para cantar duas canções, Crua e Janaína, e engrossou o coro dos manifestantes. “Ou o povo escolhe agora seu presidente ou estamos perdidos nesse sistema podre. Essa luta não é só dos músicos, estou aqui mais como cidadão. Precisamos participar, fazer uma mensagem direta e democrática. Uma troca de experiências. Não da para o Congresso escolher mais nada nesse país. Chega de corrupção, chega de golpe.”

A cantora Tulipa Ruiz ressaltou a importância da organização de artistas que resultou no ato de hoje. “É fundamental a organização da classe artística. todos estamos aqui porque ninguém quer retrocesso. Não ao retrocesso e diretas já! Todos somos contra o golpe e vamos mudar isso”, disse.

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Guitarrista Edgar Scandurra presente no ato demonstrou apoio à organização de uma nova greve geral

Depois de Tulipa, o apresentador até então, Leo Madeira, deu lugar à atriz Mônica Iozzi que afirmou que “isto sim é cidade linda”, ironizando as diretrizes da gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). “Estou muito feliz de estar aqui e lembrar que esse ato foi organizado por artistas. É muito legal ver tanta gente diferente. Se o Temer não cair, ele vai escolher em dois meses o novo PGR. Ou seja, o criminoso vai escolher seu delegado. Então vamos gritar juntos Fora Temer! Juntos por um país mais justo”, completou.

O fim da tarde democrática ficou por conta dos rappers Rael, Criolo e Mano Brown. “Meninos mimados não podem representar a nação. Eu não quero viver assim”, disse Criolo.

 

RBA
‘Isso aqui que é cidade linda’, disse Monica Iozzi

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