SPDIRETASJÁ

‘Não queremos esse Temer nem outro Temer. Mais igualdade a gente conquista com voto’

Artistas e movimentos sociais deixam o recado para os presentes. 'A gente quer mais democracia e novos direitos. Mais direitos e mais participação dos movimentos', diz a economista Laura Carvalho

Coletivo Diretas Já

Intercalado com as apresentações dos artistas, ato tem também intervenções de movimentos, como o Levante Popular da Juventude

São Paulo – O Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, está tomado por manifestantes que acompanham o ato SP pelas Diretas Já, convocado por artistas, ativistas da mídia independente e blocos de carnaval, com a presença de movimentos sociais. A primeira atração do dia ensolarado na capital foi o cantor paraibano Chico César. “O Brasil não suportaria a possibilidade de uma eleição indireta tendo um Congresso completamente contaminado”, disse.

“É importante que o povo se manifeste hoje pela queda de Michel Temer (PMDB). Parece que esse governo que entrou há um ano quer desfazer tudo que foi conquistado nos últimos 100 anos. Ele deseja a precarização completa das relações de trabalho, levando o país a um sistema de semiescravidão”, completou. O cantor ainda levantou a bandeira da necessidade da realização de uma greve geral no país. “A greve significa a classe trabalhadora unida para assegurar direitos conquistados arduamente.”

Após o show do artista, um dos apresentadores do evento, Leo Madeira, chamou o coletivo carnavalesco Arrastão dos Blocos. “Os blocos de carnaval são as pessoas unidas. E isso não acontece apenas em cinco dias. Os blocos entendem que o papel da mobilização não é só o escape, mas o posicionamento político, especialmente em um momento tão delicado como esse.”

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Laura Carvalho, economista
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Carina Vitral, da UNE

Arrastão levantou o público com marchinhas tradicionais e composições dedicadas ao tema da manifestação: a queda do presidente Temer e a realização de eleições diretas. “Fora Temer! Ele é golpista, ladrão devoto, quer roubar o trabalhador. Arrastão está nas ruas para derrubar esse imposto”, cantaram.

Integrantes de movimentos populares utilizaram o microfone para reforçar a unidade do ato. “Lutar pelas diretas hoje é essencial. Primeiro, para derrubar o Temer, que mesmo envolvido nos maiores absurdos está querendo se recompor, começa a ensaiar uma forma de se agarrar no governo até 2018. E também, caso o Temer caia, precisamos barrar a tentativa de um Congresso totalmente desmoralizado de eleger o presidente”, disse o coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem teto (MTST) e da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos.

“Sem ampliar a luta, não vamos conseguir derrubar o Temer. Os grupos de cultura estão de parabéns”, disse Boulos sobre a organização dos artistas. “A única forma de construir uma saída da crise é resgatar a soberania popular, chamando o povo a decidir. Isso não resolve tudo, mas é o princípio de um caminho democrático. No nosso entendimento, o movimento das diretas é a bandeira hoje que pode barrar as reformas da Previdência e trabalhista, que ninguém conseguiria se eleger nas urnas com essas propostas. Vamos derrubar essa agenda política”, completou.

O presidente da CUT-SP e coordenador da Frente Brasil Popular, Douglas Izzo, ressaltou a importância da união em torno das diretas. “Estamos todos aqui, Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, artistas, CUT. Nós, das centrais sindicais, lutamos também contra a retirada de direitos, contra reformas apresentadas por Temer. É a luta pela garantia de direitos, para que o povo possa definir quem será o próximo presidente. Não aceitamos eleições indiretas. Precisamos ficar de olho. O Congresso é totalmente envolvido com corrupção e com as mais diretas falcatruas deste país”, disse.

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Boulos, do MTST e Frente Povo sem Medo
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Douglas Izzo, da CUT-SP

A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, também da Frente Brasil Popular, elogiou a iniciativa. “Esse ato é muito importante. A luta pelas diretas tem que ser de todos. Das pessoas, dos artistas, dos partidos, dos cidadãos comuns que podem e devem se unir nesta grande campanha. Venham juntos e vamos derrubar o Temer e conquistar as eleições diretas”, disse.

Para a economista Laura Carvalho, professora da Universidade de São Paulo (USP), a luta contra a desigualdade social passa pela ampliação da democracia e não sua supressão. “A gente não quer esse Michel Temer nem outro Michel Temer para fazer isso. A gente quer mais democracia e novos direitos. Mais direitos e mais participação dos movimentos. A gente quer mais igualdade. Tudo isso a gente só conquista com o voto. Fora Temer e Diretas Já.”

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