Atraso

Projeto de Alckmin quer redirecionar verbas do Metrô para linha que será privatizada

Assembleia Legislativa deve votar remanejamento de R$ 200 milhões da Linha 6 para a 5. “Com essas transferências, o governo tem mostrado uma total falta de planejamento', diz deputado da oposição

reprodução/ebc

Projeto do governo congela por tempo indeterminado as obras da Linha 6 – Laranja

São Paulo – A Assembleia Legislativa de São Paulo deve votar na próxima semana um projeto de lei (PL 79/2017), que redireciona verbas da Linha 6 do Metrô para a Linha 5. De autoria do governo Geraldo Alckmin (PSDB), o texto já foi aprovado nas comissões de Finanças, Orçamento e Planejamento e de Fiscalização e Controle. “Um dos motivos pela aceleração das obras da linha específica é porque o governo colocou esta linha em processo de privatização, que deve ocorrer até julho deste ano”, afirma em nota a liderança do PT na Casa.

O líder da bancada petista, deputado Alencar Santana, critica o projeto e afirma que a oposição deve tentar obstruir a votação em Plenário para ampliar o debate. “Com essas transferências, o governo tem mostrado uma total falta de planejamento. A tentativa é de aprovar o PL sem um debate. Não estão claras as razões. Ao mesmo tempo, nas obras da Linha 5, têm empresas envolvidas em escândalos de corrupção, entre elas a Odebrecht. Precisamos entender o plano do governo e eles não podem prometer a cada ano um projeto diferente.”

A Linha 5 – Lilás começou a ser construída em 1998, sendo entregue o trecho inicial, com 8,4 quilômetros, em outubro de 2002. Desde então, só houve acréscimo de 1,5 quilômetro, além de uma estação, a Adolfo Pinheiro. Desde o início das obras, o governo do estado está nas mãos do PSDB. Alckmin ocupou o cargo em quatro mandatos diferentes desde então. “A população da zona sul da capital aguarda há muito tempo pelo término das obras, demandando a extensão da linha até o Jardim Ângela”, continua.

O projeto da Linha 5 sofreu alterações ao longo do tempo desde sua concepção. O próximo trecho a ser entregue deve interligar o trajeto com a Linha 3 – Verde, na estação Chácara Klabin, passando pelos arredores do Aeroporto de Congonhas. A previsão do governo era de concluir tal trecho em 2013, mas o prazo foi estendido em mais de uma oportunidade, e o atual cronograma indica o segundo semestre de 2017 para o término das obras.

A promessa do governo é entregar 10 estações até o final do ano, o que congela por tempo indeterminado as obras da Linha 6 – Laranja. “Face ao adiantado estágio de execução das obras da Linha 5 e a paralisação das obras na Linha 6, optou-se pelo referido remanejamento de recursos, de forma a garantir a conclusão do projeto em 2017”, afirmou o secretário da Fazenda, Hélcio Tokeshi. Alckmin tem pretensões de ser o candidato de seu partido à Presidência da República em 2018.

O trecho inicial da Linha 6, que fica sem prazo de entrega, deve ligar a estação São Joaquim, da Linha 1 – Azul, na região central, ao bairro da Brasilândia, no norte da capital. Diferentemente da linha que ganha prioridade com o PL, as obras deste trecho estão em fase inicial, sendo que sua conclusão está prevista para maio de 2021, após seguidos adiamentos. Inicialmente, o prazo previsto para o fim das obras era 2012. Uma série de desapropriações foi promovida pelo governo desde então.

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