#8deMarço

Professores se unem contra reforma da Previdência e por direitos das mulheres

Educadores municipais e estaduais de São Paulo exigem que proposta do governo Temer seja rejeitada por completo, pedindo maior fiscalização do sistema previdenciário e cobrança dos devedores

Rodrigo Gomes / RBA

Professores reunidos no vão livre do Masp contra a Reforma da Previdência

São Paulo – Professores das redes municipal e estadual de São Paulo realizaram manifestações simultâneas na Avenida Paulista contra a reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer (PMDB) e pela garantia de direitos às mulheres. As categorias realizam assembleias na Praça Oswaldo Cruz – municipais – e no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) – estaduais – e vão caminhar até o centro da cidade, onde encontrarão uma outra manifestação, da Marcha Mundial das Mulheres, que ocorre na Praça da Sé.

Um dos pontos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/ 2016, do governo Temer, é que seja estabelecida idade mínima de 65 anos, eliminando a concessão do benefício por tempo de serviço. O valor da aposentadoria, de acordo com o projeto, passará a ser calculado levando-se em conta 51% das maiores contribuições com 1% adicionais a cada ano de contribuição. Na prática, isso faz com que seja necessário trabalhar formalmente por 49 anos para se obter o benefício integral. Além disso, a PEC liquida a aposentadoria especial dos professores, que hoje podem encerrar a carreira com 25 e 30 anos de serviço para mulheres e homens, respectivamente.

A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel de Azevedo Noronha, a Bebel, prometeu intensa luta contra a PEC 287, mobilizando a categoria, os estudantes e os pais de alunos. “Temos de tomar as ruas, nos aliar com outras categorias. A reforma é tão ruim para o povo que não adianta propor emendas ao projeto. É preciso rejeitá-la por completo, junto ao rechaço contra esse governo golpista, que tirou do poder uma mulher honesta”, afirmou a presidenta da Apeoesp, fazendo referência à ex-presidenta Dilma Rousseff.

Para ela, a reforma da Previdência é nefasta para todos os trabalhadores, mas prejudica em especial as mulheres. “Elas vão ser as mais prejudicadas, porque, além de trabalhar fora, ainda são responsáveis pela maior parte do serviço doméstico. Com a igualdade da idade de 65 anos para se aposentar, as mulheres nunca vão conseguir o benefício”, avaliou.

Bebel destacou que a idade de concessão de aposentadoria estabelece essa distinção justamente porque a mulher trabalha mais tempo que o homem. Na segunda-feira (6), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou o estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, revelando que as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana.

Para o diretor de Comunicação do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), Adelson Cavalcante, não há como os trabalhadores terem qualquer concordância com a reforma da Previdência. “Deve manter como está, potencializar a fiscalização, cobrar os devedores, liquidar as isenções fiscais. É não atacar o povo que trabalha e contribui a vida toda”, afirmou.

Os profissionais da educação, tanto estaduais como municipais, preparam mais um ato para o próximo dia 15, quando será decidido se darão início a uma greve por tempo indeterminado. Organizada a partir da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a ação vai ocorrer em cidades de todo o Brasil, contra a reforma da Previdência e a reforma do ensino médio.

Os professores estaduais vão incorporar à pauta a reivindicação de reajuste salarial de 21% para repor os três anos que a categoria está sem reajuste, pedindo também a reabertura das mais de mil salas de aula fechadas. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) prometeu reajustar os salários dos professores de Educação Básica I, não contemplando os demais. “Não vamos aceitar isso. Toda a categoria necessita de reajuste”, concluiu Bebel.