precarização

Governo Alckmin tinha ciência de risco de descarrilamento no metrô

Comunicado interno divulgado em agosto do ano passado pede atenção de trabalhadores a ruídos que poderiam indicar risco iminente

Alexandre Carvalho/A2img

Comunicado interno do Metrô demonstra que governo Alckmin tem ciência do risco de descarrilamento da Frota K

São Paulo – Comunicado interno da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), datado de agosto de 2016, determina a todos os trabalhadores que tenham atenção com “ruídos anormais” em trens da Frota K, a mesma do trem que descarrilou em 7 de fevereiro, entre as estações Artur Alvim e Itaquera, na Linha 3-Vermelha. Segundo o documento, ao ouvir um ruído anormal, o metroviário deve informar imediatamente o Centro de Controle Operacional (CCO), pois “existe a possibilidade de o rodeiro estar travado, o que aumenta o risco de descarilhamento (sic), especialmente na região de AMV (local em que os trens podem mudar de trilho)”.

O conjunto de medidas proposto no comunicado interno indica grave risco à segurança de usuários e trabalhadores. Ao comunicar o ruído estranho, deverá ser imposta à composição: restrição de velocidade; isolação da propulsão; evacuação do trem; e parada da composição no ponto de estacionamento mais próximo.

Quanto ao descarrilamento de 7 de fevereiro, a direção do Metrô negou à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) a realização de reunião com todos os setores da empresa para apresentar esclarecimentos sobre o ocorrido. Também se negou a remeter os documentos relativos ao caso à comissão e ao Sindicato dos Metroviários, alegando que são “documentos sigilosos”. Além disso, a direção alega, em e-mails dirigidos à Cipa, que o acidente não foi grave para justificar a discussão na comissão.

Sem retorno da companhia, a Cipa emitiu um relatório parcial sobre o caso, solicitando que os trens da Frota K sejam retirados da circulação até que um laudo técnico comprove a solução dos problemas das composições.

Para o diretor do Sindicato dos Metroviários Alex Santana, a falta de manutenção e de trabalhadores no Metrô é uma política do governo Geraldo Alckmin (PSDB), para apresentar a privatização do sistema como solução dos problemas. “Nos últimos anos o governo Alckmin reduziu drasticamente os investimentos no sistema sobre trilhos e as consequências estão aparecendo. Falta de peças, trens parados fazendo com que os trens em circulação trabalhem por mais tempo antes das revisões, reformas mal feitas. O sistema está chegando ao esgotamento, ou seja, ao limite do funcionamento do Metrô”, afirmou.

Desde 2013, o Sindicato dos Metroviários pede que seja feita uma revisão completa dos trens da Frota K, oriundos de reforma total dos trens da antiga Frota C. O modelo pelo qual a reforma foi feita é objeto de investigação do Ministério Público paulista, pois a reforma custou quase o mesmo que a aquisição de trens novos e as composições apresentam vários problemas desde a entrega. Em março de 2013, outro trem da Frota K descarrilou entre as estações Marechal Deodoro e Barra Funda, da Linha 3-Vermelha. 

Leia também

Últimas notícias