Abuso

Eduardo Guimarães diz que ação contra ele foi ‘recado’ a todos que divergem de Moro

Em ato de desagravo e repúdio, blogueiro afirmou ter sido vítima vingança do juiz da Operação Lava Jato, denunciou abusos cometidos e prometeu não se calar

Reprodução/FPA

Ato em desagravo ao blogueiro Eduardo Guimarães mobilizou grande parte da comunidade jornalística

São Paulo – O blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, voltou a afirmar que a sua condução coercitiva, na manhã de ontem (22), a pedido do juiz Sérgio Moro, foi um um ato de vingança, por suas posições políticas e por ter feito representação contra o juiz, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2015. Ele também afirmou que essa ação não é uma tentativa de calar apenas ele, mas a todos que divergem das posições tomadas pelo juiz. 

“Tenho medo de ter medo. Porque o medo obriga a gente a não falar, a ocultar as coisas que a gente tem para dizer e, ao fazer isso a gente deixa de defender os valores democráticos e deixa de defender o direito de expressão”, afirmou o blogueiro Eduardo Guimarães na noite de ontem em ato de desagravo a ele e pela a liberdade de expressão, realizado no Sindicato dos Engenheiros, em São Paulo, que contou com a participação de jornalistas, representantes de movimentos sociais e partidos políticos. 

“Eu movi uma ação contra ele junto ao CNJ, em 2015, porque abusou do poder dele e encarcerou uma pessoa por uma semana. Essa pessoa foi exposta em toda a mídia, e ele havia se enganado. Não era a pessoa certa, mas a imagem dessa pessoa vai ficar por aí para sempre. O CNJ arquivou minha queixa. Hoje, nesse dia 21 de março, ele me deu razão, ele abusa do poder que tem”, explicou Eduardo, que afirmou que o juiz Sérgio Moro parece acreditar que é um super-herói, assim como o retratam em veículos e comunidades de direita. 

“Isso é muito perigoso para todos nós. O regime está endurecendo”, ressaltou Guimarães, que comparou o atual momento vivido pelo país com os anos entre 1964 e 1968, quando o golpe já havia sido dado pelos militares, mas o regime ainda não tinha endurecido, como ocorreria a partir do AI-5, que desencambou para a tortura e repressão aberta. 

Eduardo Guimarães, assim como o jornalista Renato Rovai, ressaltaram que os protestos contra a ação arbitrária promovida contra ele e as manifestações de solidariedade vieram até mesmo de jornalistas da grande imprensa. Ele também relatou telefone que recebeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a ação arbitrária sofrida pelo blogueiro àquela vivenciada por ele, em março do ano passado, também levado para depor de maneira coercitiva, em outra ação pirotécnica da PF. 

O ator Sérgio Mamberti também comparou o ocorrido com os anos de chumbo da ditadura, em especial o caso envolvendo o jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, morto nas dependências do DOI-Codi, em outubro de 1975, após ter sido intimado para depor. 

Quem sofreu com a ditadura sabe que esse processo que está instalado no Brasil é um processo ilegítimo, golpista e ditatorial. Eu era muito próximo do Vladimir Herzog. Ele foi levado da mesma maneira, para testemunhar – a única diferença era que era um general – foi levado coercitivamente. Também chegaram de madrugada, quando levaram o Vladimir. No final da tarde, entregaram o cadáver dele.” 

Já o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues comparou as ações contra Eduardo Guimarães aos abusos cometidos pela polícia, que adentraram a Escola Florestan Fernandes sem qualquer amparo legal. “Tenho certeza, como se diz lá na roça, que a gente só joga pedra em árvore que dá fruto. Conte com as foices do MST.”

O jornalista Rodrigo Vianna também fez duras críticas às ações de Sérgio Moro. “Esse juiz que veste camisas negras, que é um privilegiado, que ganha acima do teto constitucional. Um sujeito que divulga telefone de presidente da república, que divulga conversas pessoais da ex-primeira-dama, um sujeito que vai a encontro com políticos do PSDB e fica dando risada e falando no ouvido do Aécio, isso não é um juiz faz tempo. Isso é um justiceiro. Um cara que vai no Facebook e pede apoio popular, é um justiceiro de filme de bangue-bangue, e é assim que temos que trata-lo.”  

 

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