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Política higienista de Doria faz população de rua se sentir ‘refugiada no próprio país’

Na tarde de ontem (7), Doria anunciou que começará neste semestre a retirada de dependentes químicos da região da chamada cracolândia, mas não informou para onde irá leva-los

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Doria retirou do decreto o parágrafo que proibia a GCM de retirar cobertores e colchões da população de rua

São Paulo – A política higienista do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), faz com que as pessoas em situação de rua se sintam como “refugiados em seu próprio país”. No último dia 21, o tucano retirou do decreto que reunia ações e medidas de proteção a essa população, de autoria do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), o parágrafo que proibia os guardas-civis de retirar cobertores e recolher colchões de pessoas em situação de rua.

Na tarde de ontem (7), Doria anunciou que começará ainda neste semestre a retirada de dependentes químicos da região da cracolândia. Segundo ele, a presença destas pessoas nas ruas do centro da capital é uma “ruim para a cidade e para o Brasil”. Doria, porém, não informou para onde as pessoas serão levadas.

O artesão Edinailton dos Santos é um dos trabalhadores em situação de rua que está indignado com a forma como vem sendo tratado pela gestão atual. O pouco dinheiro que consegue produzindo peças com latas de alumínio é todo gasto apenas na alimentação. Ele relata ações violentas da Guarda Civil Metropolitana (GCM) nos últimos dias, contra si e colegas com quem divide as despesas e a comida.

“Eles pegaram a nossa comida e jogaram fora, com panela e tudo. Os corruptos querem tirar nós de circulação (sic), para deixar nós como refugiados (sic), igual no estrangeiro. Refugiados no nosso próprio país”, afirma Edinailton, em entrevista ao repórter Paulo Castilho, da TVT.

Marlayne Regina trabalha como catadora de material reciclável e, atualmente, se abriga em uma barraca sob do viaduto da Praça14 Bis, na região central de São Paulo. Nas últimas semanas, ela tem sido vítima do tratamento autorizado pelo novo prefeito. “Eles param com um caminhão e vão levando tudo que eles acham. Tem uma senhora que tem problema de incontinência urinária e eles levaram as fraldas dela”, conta.

Ex-moradora de rua, Neide de Vita faz parte do Comitê Municipal de População de Rua. Ela conta que o decreto publicado promulgado pela gestão passada foi construído em parceria com movimentos sociais e diversas entidades públicas, com o objetivo de proteger as pessoas em estado de vulnerabilidade. “Esta atual gestão não dialoga com a população em situação de rua e nem mesmo com o Conselho. Essa mudança que teve no decreto construiu toda uma formatação objetiva sobre os direitos dos pertences da população em situação de rua. É um total desrespeito a essas pessoas que vivem à margem e em total vulnerabilidade social.”

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