intolerável

Caso Marisa Letícia: Abrasco pede punição de médicos por ações criminosas e antiéticas

Entidade que reúne especialistas em saúde coletiva avalia como graves os desvios de conduta. 'Sociedade deve assumir o compromisso de vigiar discriminações e preconceitos de qualquer natureza'

Roberto Stuckert/pr

Para entidade, há uma escalada do discurso de ódio, difamação e rejeição, além de ações de intolerância política

São Paulo –  A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) divulgou hoje (6) nota de repúdio contra atitudes criminosas e antiéticas de médicos, expressas no compartilhamento de exames e informações de saúde pessoais e sigilosas, além de comentários agressivos e posicionamentos cruéis, desumanos e degradantes, dirigidos à ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta na sexta-feira (3).

Para a entidade, os episódios alertam para a necessidade de mobilização cidadã diante da escalada e do acirramento no Brasil do discurso de ódio, de difamação e rejeição do outro, de ações de intolerância política e de práticas deploráveis que violentam a civilidade e afrontam a democracia.

Seus integrantes entendem ser imprescindíveis a punição dos responsáveis, com rigorosas medidas éticas, administrativas e legais. É necessário, no entanto, que a sociedade também assuma, coletivamente, “o compromisso com a vigilância cotidiana de discriminações e preconceitos de qualquer natureza”.

“São extremamente graves os desvios de conduta de gente que atende gente, principalmente de profissionais que têm sob seus cuidados pessoas fragilizadas ou vulneráveis diante do adoecimento, dor ou sofrimento”, afirma a nota. “Sanções administrativas ou advertências de conselhos de ética contribuem para sanar apenas uma parte dos males causados. Os efeitos da humilhação, que extrapolam as relações entre agressor e agredido, são a antítese do cuidar.”

A Abrasco adverte sobre a necessidade da prevenção de episódios como esse. “É preciso derrubar muros e barreiras, a começar pela tolerância às diferenças políticas, partidárias, de gênero, cor/raça, ideologia, orientação sexual e classe social. É preciso afirmar a vigência de valores que permitam o reconhecimento de erros e a disposição para pedir desculpas.”

E conclama a unidade dos profissionais de saúde, comprometidos com a prática do acolhimento e do cuidado, com o respeito à vida e à dignidade humana, para que se possa instituir no Brasil os princípios públicos e democráticos de diálogo, respeito, ética e solidariedade.

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