Dignidade

‘Morreu dando a vida para outro’, diz viúva de vendedor ambulante

O segundo acusado de cometer o crime foi preso na tarde de hoje após informação anônima indicar o local em que estava escondido

Alice Vergueiro/Folhapress

Antes foragidos, os dois acusado do crime estão em prisão temporária de 30 dias. Família exige justiça

São Paulo – A viúva do vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, Maria Souza Santos, compareceu hoje (28) à Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom). O suspeito de praticar o assassinato, Ricardo Martins do Nascimento, de 21 anos, foi preso e 14 testemunhas, incluindo duas travestis e um funcionário da bilheteria do metrô, foram convocadas para fazer o reconhecimento.

“Foi um abalo total. Ele era maravilhoso, tanto que morreu dando a vida para o outro”, disse a viúva.

“Quero que ele [Ricardo] pague pelo que fez. Tem uma família chorando, ele me deixou sozinha no mundo. Ele [Ruas] não merecia morrer do jeito que ele morreu, o rosto dele estava todo estourado, eu não tive coragem de ver”, lamentou. “Eu quero perguntar para o cara [Ricardo] porque ele fez isso com uma pessoa tão boa”, disse.

A irmã da vítima, Maria de Fátima Ruas, disse que o irmão estava trabalhando no domingo de Natal (25) para pagar o imposto do carro, que estava retido. “Eu não estou aguentando, não estou suportando de dor, meu coração está sangrando. Vamos fazer justiça”, disse.

Segunda prisão

O outro suspeito de ter participado do crime, o primo de Ricardo, Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26 anos, foi preso na tarde de hoje (28) na zona leste da capital paulista, após denúncia feita ao Departamento Estadual de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade).

“Às 13h30 chegou uma denúncia anônima sobre um local [em que Alípio estaria], já estávamos na proximidade. Conseguimos nos dirigir ao local e ao chegar lá, na zona leste, em Itaquera, o advogado estava saindo com ele possivelmente para se entregar”, disse o delegado.

Marques confirmou que Alípio foi preso após uma denúncia anônima, mas não comentou sobre a recompensa de R$ 50 mil que a Secretaria de Segurança Pública teria oferecido por informações sobre o paradeiro dos dois agressores.

Segundo o delegado, Alípio disse estar arrependido, “que foi uma agressão boba porque ele estava bêbado”. Neste momento, de acordo com o delegado, Alípio será reconhecido pelas vítimas e testemunhas.

Ele será levado depois para o 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, na região central da capital paulista, para onde são levados os presos temporários. “A prisão dele já está decretada: 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, que é o prazo que teremos para acabar o inquérito policial”, explicou Marques.

“Eu não sou má pessoa”

Mais cedo, Ricardo lamentou o ocorrido e disse que se pudesse faria algo para ajudar a viúva do ambulante. “Eu não sou má pessoa”, disse. O acusado foi preso às 21h de ontem (27) na casa de um amigo em uma favela do município de Itupeva, região de Campinas.

Ao chegar a delegacia, Ricardo disse que a confusão começou após o seu primo levar uma garrafada na cabeça.

“Não acredito nisso, eles estão tentando reverter, mas as imagens estão claras, a covardia que eles fizeram”, disse Osvaldo Nico, diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas. “Ele está contando uma história, que, para mim, não convence”.

Crime

Luiz Carlos Ruas foi espancado e morto às 22h25 de domingo, noite de Natal. Segundo testemunhas, o ambulante vendia salgados e refrigerantes do lado de fora da estação quando dois homens se desentenderam com ele e passaram a agredi-lo. O ambulante defendia moradores de rua, incluindo duas travestis, que também foram agredidas pelos dois suspeitos.

O vendedor tentou correr até a bilheteria da estação na Estação Pedro II do metrô, mas foi atingido por vários golpes e caiu no local. Ele foi socorrido e levado a um hospital por agentes de segurança do Metrô, mas não resistiu aos ferimentos.

Com informações de Elaine Patrícia Cruz e Marli Moreira, da Agência Brasil

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