Violência

Vanessa Grazziotin pede fim da intolerância: ‘A gente precisa dar um basta nisso’

Agredida horas depois da votação que afastou Dilma Rousseff da presidência, senadora comenta ataques à atriz Camila Pitanga após a morte do colega Domingos Montagner na quinta-feira (15)

Waldemir Barreto/Agência Senado/reprodução/fb

‘Liberdade é um direito de todos, mas sem desrespeitar as pessoas’, diz Vanessa sobre agressões sofridas por Camila

São Paulo – A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) pede punição a pessoas que, cada vez mais, têm partido para agressões verbais e mesmo físicas contra representantes de partidos ou movimentos progressistas. Após a morte do ator Domingos Montagner, sua colega de trabalho e de novela Camila Pitanga foi atacada por ativistas virtuais. Um deles afirmou que “teria sido melhor se fosse ela”. Camila também foi acusada de ter matado Montagner para tirar as atenções da mídia das denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada.

“É preciso punir essas manifestações. A gente precisa dar um basta nisso”, diz. “Quando ele diz que quem devia morrer é ela, isso é uma ameaça indireta de morte. Quanto mais essas pessoas falam e ficam impunes, mais outras vão se sentir no direito de falar também”, diz a senadora.

Vanessa Grazziotin, uma das mais atuantes parlamentares na defesa de Dilma Rousseff no processo de impeachment, foi agredida na madrugada do último dia 1º no avião em que viajava, em Curitiba, após a votação no Senado que afastou Dilma do cargo definitivamente.

O agressor de Vanessa é o advogado Paulo Demchuk, identificado como integrante do Movimento Brasil Livre (MBL). Na semana passada, a União Brasileira de Mulheres (UBM) divulgou manifesto em que repudia o agressor, membro também do movimento separatista O Sul é Meu País.

Para Vanessa, esse tipo de agressão é motivada por fatores políticos e de gênero. “Acho que tem de tudo um pouco. Obviamente que o posicionamento político é o que mais provoca esse tipo de reação absurda e de intolerância, que é inadmissível. Mas tem também o fator gênero, não tem dúvida nenhuma de que tem essa carga”, afirma. “Diz que aquele cara que me agrediu ficou dias dando entrevista defendendo o direito de hostilização. Como pode? Eu parada no avião e o cara me chamando de safada, de corrupta? É um direito que ele tem de fazer isso? É claro que não.”

A senadora afirma que a  maneira mais eficaz de “dar um basta” a esse tipo de manifestação é punindo pecuniariamente. “A liberdade é um direito de todos nós, a liberdade de expressão, mas sem agredir e desrespeitar as pessoas. Quem agride tem que se retratar, pagar uma indenização pesada, sentir na pele e parar com essas declarações.”

Segundo o site Paranaportal, Vanessa registrou ocorrência na Polícia Federal e assinou uma procuração ao advogado Claudio Dalledone para processar Demchuk.

Em nota divulgada no Facebook, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) manifestou repúdio aos ataques contra Camila Pitanga. “Camila está sendo atacada por pessoas que tentam relacionar seu posicionamento em defesa da democracia com o falecimento do ator Domingos Montagner, na última quinta-feira. É inaceitável que, depois de ter passado por um grande trauma ao presenciar a morte de seu amigo e colega de trabalho, Camila tenha que ler coisas como ‘teria sido melhor se fosse ela’”, diz o deputado.

“Quem diz esse tipo de coisa sobre ela demonstra falta humanidade para entender o momento que atravessa, e reforça a falta de percepção para a diferença entre discordância política e discurso de ódio”, acrescenta.

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