Violência

Jovem atingida no olho por estilhaço de bomba da PM perde a visão

Artefato militar atingiu a lente dos óculos da estudante, que perfurou seu globo ocular. Dois fotógrafos foram detidos pela polícia

Tuane Fernandes / Mídia NINJA

A repressão da PM continuou durante a noite contra manifestantes que se espalharam pelo centro da cidade

São Paulo – Um estilhaço de uma bomba de efeito moral disparada ontem (31) pela Polícia Militar de São Paulo, durante forte repressão contra um ato que pedia a saída do presidente Michel Temer, atingiu o olho esquerdo de uma manifestante, que perdeu a visão. A estudante universitária Deborah Fabri passou a noite no hospital e já retornou para a casa.

“Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo mas estou bem”, publicou em seu perfil no Facebook. A jovem participa do Levante Popular da Juventude.

Segundo o movimento, Deborah estava no cruzamento das ruas Caio Prado e Consolação, na região central da cidade, quando policiais militares lançaram duas bombas de efeito moral em sua direção – uma caiu um pouco à frente e outra atrás da jovem. Um estilhaço atingiu seus óculos e quebrou a lente, que perfurou seu globo ocular. Ela foi socorrida por pessoas próximas do local e levada para o Hospital das Clínicas.

“Estamos vendo judicialmente como vamos intervir. Queremos um processo contra o estado de São Paulo e a Polícia Militar, que são os responsáveis por esse dano causado a nossa companheira”, disse uma das integrantes do movimento, Bárbara Ponte. “Ontem o estilhaço atingiu uma companheira nossa, mas poderia ter sido qualquer manifestante. Nossa resposta será com luta.”

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) alegou que entrou em contato com a Universidade do ABC, onde Deborah estuda, para tentar localizá-la e para que a Polícia Civil registre o fato e dê início às investigações. Segundo o órgão ela não registrou o boletim de ocorrência.

Os manifestantes começaram a se concentrar na Avenida Paulista, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) no início da noite. A passeata seguiu pela Rua da Consolação até que, na altura do cruzamento com a Rua Maria Antonia, a Polícia Militar começou a disparar bombas de gás contra os participantes do ato. A repressão continuou durante a noite, contra manifestantes que se espalharam pelo centro da cidade.

Os fotógrafos Willian Oliveira e Vinicius Gomes foram detidos pela polícia, acompanhamos de uma terceira pessoa não identificada. Vinícius Gomes afirmou que seu equipamento de trabalho foi destruído durante a abordagem policial. Ambos permaneceram detidos até por volta das 5h de hoje.

Sobre os fotógrafos, a Secretaria de Segurança Pública alegou que eles estariam “atirando pedras contra a tropa”. Foi solicitado o exame de corpo de delito e eles foram liberados. “A PM apurará as circunstâncias da ocorrência. Será instaurado inquérito para investigar danos aos patrimônios público e privado”, diz o texto, que afirma que a ação da PM foi motivada pelo fato de manifestantes terem incendiado lixo e atirado pedras contra os policiais. Dois PMs ficaram feridos, segundo o órgão.

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