Rio Grande do Norte

Uso de Forças Armadas em segurança urbana pode causar tragédia, diz especialista

Força Nacional seria mais adequada, mas contingente está voltado para a segurança dos Jogos Olímpicos

arquivo/EBC

Forças Armadas não contam com treinamento específico e experiência no combate à violência urbana

São Paulo – Devido a uma onda de ataques criminosos e revolta de presos, no Rio Grande do Norte, desencadeada pela instalação de bloqueadores em presídios, o governador Robinson Faria (PSD) solicitou auxílio federal ao governo, que enviou tropas do Exército e da Marinha. Até a noite de ontem (3), foram registrados 96 ataques em 33 cidades em todo o estado. No entanto, para o analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Guaracy Mingardi, o uso das Forças Armadas em situações de policiamento urbano é inadequado e pode resultar em tragédia.

Segundo Guaracy, o uso de tropas das Forças Armadas conta com respaldo legal para atuar em casos como esse, mas ele destaca que tais contingentes não têm experiência no enfrentamento da violência urbana e nem treinamento específico, o que elevaria os riscos de uma tragédia, por exemplo, em ações dentro dos presídios. “A probabilidade de acontecer um desastre é maior”, afirmou o especialista, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, para a Rádio Brasil Atual, na manhã de hoje (4).

Segundo ele, o impacto do uso desse tipo de força é bastante limitado, e produz falsa sensação de segurança. “Pode melhorar, aqui ou ali. Mas é mais ilusão do que qualquer outra coisa.” Para o analista, seria mais adequada a utilização da Força Nacional, composta por policiais militares de todos os estados. Contudo, a Força Nacional vem sendo empregada na segurança dos Jogos Olímpicos.

Ele alerta que até mesmo o contingente das Forças Armadas é limitado, muito menor do que o conjunto das forças policiais estaduais. “A PM de São Paulo, com quase 90 mil, equipara-se à quase totalidade do efetivo do Exército brasileiro”, compara Guaracy. Caso enfrente crises simultâneas em duas ou mais regiões, não haveria efetivo suficiente para o envio de auxílio federal.

Para esse momento, devido à realização da Olimpíada, ele afirma que as forças estaduais de segurança deveriam ter em mãos planos de contingência para os situações de crise, que evitassem o uso de forças nacionais. Ele ressalta, porém, que essa situação é mais complexa para estados menores, que contam com pequeno efetivo.

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