segurança pública

Para ativista, ‘não faz sentido’ proposta sobre uso de armas de criminosos pela polícia

Ministro interino da Justiça, Alexandre de Moraes, também defende investir menos em pesquisa sobre segurança pública e mais em armamentos

Polícia Federal de SP/Fotos Públicas

Segundo especialista, apenas 2% das armas apreendidas em São Paulo são aproveitáveis

São Paulo – A declaração do ministro interino da Justiça, Alexandre de Moraes, de que o governo federal prepara um decreto que vai permitir que a polícia fique com o armamento pesado apreendido com criminosos causou repúdio a ativistas dos direitos humanos e entidades ligadas a políticas de segurança pública. O ministro, ex-secretário de Segurança Pública do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse, no último dia 16, que a medida supre a demora para compra oficial de armas, que pode chegar a nove meses. O decreto deve sair até o final deste mês, segundo o interino.

Em entrevista à repórter Caroline Monteiro, da TVT, o assessor de advocacia do Instituto Sou da Paz Felippe Angeli criticou a proposta. “Não faz sentido. Você tem um problema de gestão de administração pública e, em vez de resolver esse problema de gestão e da administração, você altera uma legislação para conseguir suprir uma necessidade do Estado a partir de armamento de bandido. Em vez de resolver sua administração, de aumentar a eficiência da máquina pública e do poder estatal da nossa administração, para poder oferecer à polícia as ferramentas com as quais ela precisa para fazer seu trabalho, você acha que vai suprir essa parte com armamento apreendido”, critica Angeli.

Angeli afirma que é estranho imaginar policiais usando armas provenientes do crime, além de também considerar irrisório o número de armas aproveitáveis. “Em São Paulo, por exemplo, são 2%, ou seja, 98% não é esse tipo de armamento. É isso que vai de fato resolver?”, questiona. Atualmente, as armas apreendidas são levadas ao Exército, que as destrói.

Outra ideia polêmica defendida por Alexandre de Moraes é investir menos em pesquisa sobre segurança pública e mais em armamento. Para o interino, a prioridade do Ministério da Justiça é a compra de equipamentos para as polícias, um pensamento atrasado e contraditório, na avaliação do pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) Frederico Castelo Branco.

“Quando ele desmerece a pesquisa na área de segurança pública parece um pouco contrassenso, porque a inteligência está muito ligada à pesquisa. A inteligência é algo mais amplo do que a escuta, é trabalhar com dados e análise de informação, e isso a pesquisa acadêmica tem muito a trazer, participando da formação dos policiais”, explica o pesquisador.

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