sexta edição

‘Estéticas das Periferias’ é convite à cidadania e exercício da democracia

Realizado por coletivos culturais, evento será oficialmente aberto terça-feira (23), no auditório do Ibiarapuera, mas ciclo de debates já deu início à programação, que se espalhará por toda a cidade de SP

Cinthya Araujo/Estética das Periferias

Participação feminina na produção cultural na periferia é forte, mas ainda é invisível para muitas pessoas

São Paulo – Para ouvir e valorizar as diferentes vozes da periferia, a Ação Educativa e coletivos culturais de diferentes regiões de São Paulo realizam a sexta edição do evento “Estéticas das Periferias”, cuja abertura oficial será terça-feira (23), no auditório Ibirapuera, a partir das 17h, com a roda de conversa “Direito à Cultura: Cultura da Desobediência”. A participação nas atividades é gratuita.

Em seguida, será apresentado o espetáculo Dos Tambores ao Tamborzão, dirigido por Gal Martins. Com direção musical de Melvin Santhana, a apresentação narra a trajetória do corpo negro na dança. Segundo a divulgação, o público pode esperar um mergulho na cultura brasileira, englobando influências africanas e norte-americanas.

Um ciclo de debates realizado entre ontem e hoje (17 e 18) dá início à programação. Estão previstas 400 apresentações em mais de 100 espaços culturais em todas as regiões da cidade até o próximo dia 28. Quem participa do encontro tem interesse em discutir temas, como a produção cultural de mulheres, direitos humanos, culturas negras, direito à cidade, meio ambiente, futebol e cultura.

“O projeto começou lá em 2011. Inicialmente, foi uma organização começada pela Ação Educativa, mas, posteriormente, os coletivos culturais das periferias ocuparam esse espaço e começaram a participar na produção e a pensar todo o processo”, afirma Dayane Fernandes, coordenadora do evento, em entrevista à repórter Caroline Monteiro da TVT.

A participação feminina na produção cultural na periferia das grandes cidades é forte, mas o trabalho das mulheres, principalmente, das negras, ainda invisível para muita gente. É sobre isso que cantam a MC Luana Hansen e a rapper Sharylaine. As duas, que também são produtoras culturais, participaram do encontro falando sobre os espaços, ou a falta deles, que a produção cultural das mulheres encontra.

“A gente está abrindo espaços. Assim como toda a sociedade, a mulher ainda é menos vista, a gente vê na política, onde não é representada, a gente vê em cargos públicos, em empresas que a gente não está lá como chefe. Então, estamos começando a ocupar e é a mesma coisa nos espaços culturais”, conta Luana.

“Pensar como que a gente quebra esses paradigmas, pensar a mulher além do portão de casa, produzindo a partir de suas próprias escolhas, sem que alguém tenha que dizer para ela o que pode, deve ou não fazer”, acrescenta a rapper Sharylaine.

“O objetivo é resistir radicalizando a democracia e construindo uma cidadania cultural, a partir da cultura do ideário ‘ordem e progresso’, marca adotada pelo governo interino de Michel Temer”, diz Daiane.

“Durante muito tempo entenderam as periferias só como lugar de exclusão, mas hoje se trabalha em uma outra chave, uma chave da potencialidade, numa chave do quão é efervescente essa cena e quanto esse sujeito tem muito a falar sobre si próprio”, afirma a coordenadora do evento.

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