Contra o golpe

Dia de votação é marcado por manifestações contra o impeachment

Em São Paulo, ato contra o impeachment da presidenta Dilma reuniu manifestantes na Paulista, que seguiram em passeta até o centro da cidade

Mídia Ninja

Ato da Frente Brasil Popular, em São Paulo

São Paulo – “Os atos de hoje deixam claro que continuamos mobilizados e em vigília contra o golpe”, disse o coordenador da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim. “Estávamos preocupado que durante a Olimpíada fosse mais difícil mobilizar as pessoas, mas não foi. Estamos tendo êxitos, como diversas panfletagens no Rio de Janeiro, em diversas línguas para os turistas que vem aos jogos, e com o grande ato que realizamos dia 5, antes da abertura das Olimpíadas.”

Segundo Raimundo, um dos coordenadores da Frente Brasil Popular (FBP), que reúne 60 movimentos sociais e organizou o ato de hoje, a expectativa é que as mobilizações sejam descentralizadas e chamem a atenção da população para votação final no Senado, prevista para ocorrer no final do mês. No próximo dia 15, o movimento organizará uma reunião para definir novas manifestações nacionais. Em São Paulo, já estão marcados atos para os dias 13 e 17, em frente à Arena Corinthians, em Itaquera, zona leste de São Paulo, durante jogos de futebol das Olimpíadas.

Participam da FBP a Central de Movimentos Populares, União Nacional por Moradia Popular, Movimento pelo Direito à Moradia, CUT e CTB, Movimento dos Pequenos Agricultores, MST, Frente de Luta por Moradia, Levante Popular da Juventude e entidades do movimento estudantil. “Vamos ocupar as ruas de todo Brasil até o final para lutar para que nossa democracia seja reestabelecida. Hoje ela está ameaçada e quero pedir a volta de Dilma porque ela foi eleita por 54 milhões de pessoas”, disse o ator Luiz Dantas, que carregava uma bandeira do movimento LGBT.

Além das atividades a serem convocadas pela frente, as seis maiores centrais sindicais programam um ato nacional unificado no dia 16 contra os projetos ventilados pelo governo interino de retirada de direitos por meio de uma “flexibilização” da legislação trabalhista.

“Temos que vir para rua e mostrar que o povo não está com medo. Os 54 milhões de pessoas que votaram em Dilma não desistiram dela. Estamos na rua”, disse o motorista autônomo Robson Wagner Andreotti um dos primeiros a chegar ao vão livre do Masp, na avenida Paulista, para protestar contra o impeachment.

O plenário do Senado votou hoje o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-BG), que pede o afastamento definitivo. Admitido o relatório, a presidenta poderá ainda se defender no plenário, que deve iniciar a votação final no dia 29.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

Pelo país

Manifestações contra o golpe ocorreram em pelo menos 23 cidades brasileiras, sendo 12 capitais. Em São Paulo, o ato começou às 16h no vão livre do Masp e saiu em marcha pela Avenida Paulista, desceu a rua Augusta e terminou na Praça Roosevelt, na região central por volta das 19h15. No estado, Ribeirão Preto, Campinas e cidades do ABC participam da mobilização.

“Hoje é um dia importante nessa luta. Para se ter uma ideia de como as coisas estão sendo parciais, a Dilma foi ofendida durante a Copa do Mundo e nada aconteceu. Agora, nas Olimpíadas, as pessoas estão sendo reprimidas por se manifestarem contra o Temer”, afirmou Andreotti, que é autônomo. “Preferi estar aqui hoje para me manifestar”, disse.

A integrante da Marcha Mundial de Mulheres Helena Nogueira também tirou o dia para participar do ato: ela finalizou seu trabalho de edição de vídeo durante a manhã e foi à Paulista no começo da tarde. “Estou horrorizada e indignada com o que está acontecendo com a democracia brasileira. Temos que defender os votos de Dilma e a saída do golpista Temer”, afirmou.

O secretário de mobilização da CUT São Paulo, João Batista Gomes, garantiu que a mobilização dos movimentos populares vai continuar. “Hoje é só mais uma etapa neste processo. Não vamos sair da rua enquanto não colocarmos para fora o golpista Temer.”

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