deu em nada

Com fim da CPI da Funai, Cimi denuncia excesso de gastos e falta de resultado

Segundo o secretário do Conselho Indigenista Missionário, os parlamentares ruralistas não tinham motivos para abrir a comissão de investigação: 'Foi um palco político'

Antonio Cruz/Agência Brasil

Segundo o secretário do Cimi, os parlamentares ruralistas pretendem reabrir CPI para continuar as investigações

São Paulo – Gastança de recursos públicos sem objetividade e ataques às comunidades indígenas e quilombolas. Assim definiu o secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber César Buzatto, em entrevista hoje (24) à Rádio Brasil Atual, sobre os dez meses de trabalho da CPI da Funai/Incra, que foram encerrados no último dia 17, na Câmara dos Deputados.

Buzatto afirma que a comissão não apresentou nem relatório final. Ele acrescenta que não havia motivos que justificassem a instalação da investigação. “Foi mais um palco político do que uma investigação. O objetivo sempre foi utilizar a estrutura do Estado e atacar as demarcações de terras indígenas e quilombolas.”

Segundo o secretário do Cimi, os parlamentares ruralistas pretendem abrir uma nova CPI para continuar as investigações. “A gente espera que essa CPI não seja desenterrada, porque esse tipo de instrumento, da forma que os ruralistas têm usado, apenas potencializa o sentimento de ódio da população contra parte dos povos.”

Leia um trecho da entrevista:

A CPI não deu em nada?

Os ruralistas ficaram dez meses fazendo uma gastança com os recursos públicos, potencializando o discurso de incitação ao ódio contra os povos. A vigência da CPI terminou no último dia 17, sem que eles apresentassem um relatório com qualquer tipo de informação durante a investigação.

É lastimável e demonstrou que a CPI nunca teve um fato determinado que a legitimasse. Foi mais um palco político do que uma investigação. O objetivo sempre foi utilizar a estrutura do Estado e atacar as demarcações de terras indígenas e quilombolas.

De que forma os parlamentares ruralistas gastaram os recursos públicos?

Eles contrataram pessoas, inclusive, delegados, para prestar serviço à CPI, fizeram diversas diligências em regiões do país, com muitas viagens. Então, é uma série de despesas. Nós estamos tentando acessar esse valor total gasto, porque é importante a sociedade saber a quantia de recursos que foi gasta de forma ineficaz.

Existem rumores de que estão querendo formar outra CPI e continuar a investigação.

Sim. Nós sabemos que eles acionaram parte da mídia comercial e que defende os interesses do agronegócio no país para levantar o balão de ensaio. A tendência é que eles tentem criar uma nova CPI para continuar essa gastança e deliberar os ataques contra os povos e movimentos sociais.

Para os ruralistas, a luta dos indígenas é um crime?

Exatamente. Eles têm atacado os povos de todas as formas. Seja no âmbito do Congresso, por meio da CPI, tentando aprovar a PEC 215, que afeta os direitos dos povos. E têm atacado também as comunidades de forma direta, como no Mato Grosso do Sul, que têm muitos ataques (a indígenas ) e várias lideranças assassinadas.

A gente espera que essa CPI não seja desenterrada, porque esse tipo de instrumento, da forma que os ruralistas têm usado, apenas potencializa o sentimento de ódio da população contra parte dos povos.

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