São Paulo – “Desconfio muito dos imparciais, de tudo que é sem partido”, comentou o ator e humorista Gregório Duvivier a uma pergunta sobre o movimento Escola sem Partido, durante seminário realizado hoje (15) pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo. Ele citou também a política implementada pelo agora ministro José Serra no Itamaraty, “apartidária”, segundo o tucano. “Escola sem Partido é uma canalhice sem tamanho. Tudo que é sem partido, como Serra agora. Não existe nada que não seja política, só ser professor já é uma escolha política”, afirmou, criticando os jornais, mencionando especificamente a Folha de S. Paulo, por não assumir suas posições, a “assepsia que às vezes o jornal diz que tem”.

Duvivier também critica a não implementação, no Brasil, do chamado Estado laico. “O fundamentalismo religioso é um fator definidor no Brasil de hoje”, diz, lamentando ainda que existam defensores do ensino do criacionismo nas escolas.

Secretário estadual da Educação em São Paulo no início dos anos 1990, Fernando Morais classifica o movimento de “crime, barbaridade”. “Escola sem Partido é escola com partido. Educação não é só para ensinar as quatro operações e concordância verbal, ortografia. É sobretudo para ajudar as pessoas a pensar.”

E é na educação, acrescenta, que se combate o conservadorismo. “Você não enfrenta os Bolsonaros com um decreto, uma medida, um discurso, uma campanha. É um conjunto de ações que a sociedade tem de fazer, a começar da escola”, afirma Morais, apontando intenção do governo Temer de privatizar o ensino superior. “Não, nós não reagirmos, vai chegar no ensino básico.”

“Democracia dá trabalho”, diz Duvivier. “Muita gente no Brasil acha que não vale a pena.”