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Festival da reforma agrária expõe mazelas do povo sem-terra

Assassinato dos camponeses pela PM, criminalização dos movimentos sociais, tragédia sem culpados na barragem de Fundão, mortes em Eldorado dos Carajás deram tom na abertura do evento, ontem (20)

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Encenação teve militantes usando facões, enxadas e outros instrumentos de agricultura e de luta

São Paulo – Temas como o assassinato dos camponeses pela Polícia Militar, criminalização dos movimentos sociais, tragédia sem culpados na barragem de Fundão em Minas Gerais e mortes em Eldorado dos Carajás em 1998 deram o tom na noite de ontem (20) à abertura do 1º Festival de Arte e Cultura da Reforma Agrária, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Belo Horizonte.

Uma encenação com militantes usando facões, enxadas e outros instrumentos de agricultura e de luta foi vista por pelo menos 1.500 pessoas. As cenas seguiram com cantos e músicas, envolvendo o público e clamando pelo poder popular.

O evento, que segue até domingo, consiste em uma feira de produtos gastronômicos e literária, mostra de cinema, shows, debates e seminários de formação. São esperadas 50 mil pessoas durante os cinco dias de atrações.

Segundo Maria Raimunda César, da Frente de Educação, Cultura e Formação do MST, a atividade apresenta o acúmulo histórico de luta e resistência camponesa de todo o país ao longo dos 32 anos de existência do movimento. “O festival representa o legado sem-terra na construção da consciência humana e da libertação da classe trabalhadora, onde a produção de alimentos das áreas de assentamentos de todo o país se mistura com música, poesia, arte, pintura e artesanato.”

O festival é realizado na Praça da Estação e na Serraria Souza Pinto, no centro da cidade

A ativista paraense diz que o evento expõe um processo de luta e resistência que “expressa nas palavras rebeldes de homens e mulheres as mazelas sociais, o atraso da política agrícola, a disputa do modelo de agricultura e o anseio por uma nova sociedade”.

Ênio Bohnenberger, da direção nacional do MST, lembra que o festival faz parte da cultura do povo sem-terra. “Desde o início, a música e a poesia sempre tiveram presentes, assim como a produção de alimentos. A arte nos ajuda na resistência da reforma agrária”, diz, acrescentando que o movimento quer produzir uma cultura própria, popular: “Como um projeto de transformação e libertação, que nos tire da alienação que os meios de comunicação nos impõem. Essa é a nossa ambição”, afirma o ativista.

Atrações

Além de mais de 160 toneladas de produtos das áreas de assentamentos e acampamentos do MST, uma das grandes atrações do festival é Mostra de Poesia “Versando Rebeldia” e o “Festival de Música Da Luta Brotam Vozes de Liberdade”.

Ao todo, 60 músicas e 40 poesias serão interpretadas. Vinte canções serão escolhidas para fazer parte de um CD e um DVD, assim como 20 poemas serão registrados em um livro.

A programação ainda conta com mais de 15 shows, como Pereira da Viola, Aline Calixto, Xangai, Chico César, Zé Mulato e Cassiano e Renegado. Outros sete debates trarão temas como mídia democrática, saúde, agroecologia, cultura, educação e conjuntura política.

Com informações do MST e da Mídia Ninja

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