Memória

‘Minhocão’, em São Paulo, ganha nome do ex-presidente João Goulart

Projeto será sancionado na próxima segunda-feira (25). Elevado dava nome ao general Costa e Silva. Avenida que homenageava Golbery passará a lembrar padre que atuou na comunidade na região de Grajaú

reprodução/facebook/associaçãopqminhocão

Minhocão passa a homenagear o ex-presidente que sofreu o golpe civil-militar em 1964

São Paulo – O Elevado Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, inaugurado em 1971 em São Paulo, mudará de nome a partir de segunda-feira (25): em vez de homenagear um dos presidentes-generais do período autoritário, passará a lembrar do ex-presidente João Goulart, o Jango, derrubado em 1964 e morto em 1976. A cerimônia de sanção está marcada para a manhã da segunda, na prefeitura de São Paulo.

Não será a única alteração. Simultaneamente, a Avenida Golbery do Couto e Silva, no Jardim Lucélia, em Grajaú, no extremo sul da capital paulista, passará a se chamar Avenida Giuseppe Benito Pegoraro. Golbery foi um dos mentores do golpe e chefiou o Serviço Nacional de Informações (SNI). O novo nome homenageia um missionário italiano atuante nas comunidades paulistanas – chegou a São Paulo em 1968 –, professor da Faculdade de Teologia da Arquidiocese, que morreu em 1988.

As duas mudanças foram aprovadas em 22 de junho. O Projeto de Lei 288/2014, do vereador Eliseu Gabriel (PSB), alterou decreto de 1969 que dava o nome ao Minhocão, que agora terá o nome de Jango. Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal, houve dois votos contrários: David Soares (PSD, atualmente no DEM) e Eduardo Tuma (PSDB).

O outro PL, 326/2016, sobre a avenida do Grajaú, foi apresentado há pouco mais de um ano por Arselino Tatto (PT). Na justificativa, o vereador lembra que a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania promoveu consulta e debate com os moradores, e que houve concordância quanto à mudança de nome.

Ainda nessa cerimônia, será assinado decreto que torna permanente o programa Ruas de Memória. Segundo a secretaria, a iniciativa tem como base o relatório final da Comissão Nacional da Verdade e o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3).

“Não faz sentido termos pessoas que cometeram crimes contra a humanidade sendo homenageadas nas ruas da nossa cidade”, afirma a coordenadora de Direito à Memória e à Verdade, Carla Borges. “É um passo necessário para a humanização da cidade e para a reparação das vítimas da ditadura.”


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