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Indígenas denunciam ataques de madeireiros ilegais no sul da Bahia

Acompanhados por homens armados, invasores promovem o corte de árvores nobres, queimam áreas verdes e ameaçam os locais

reprodução/TVT

Pelo fim das invasões, indígenas cobram homologação das terras já demarcadas

São Paulo – Índios pataxó hã-hã-hãe denunciaram ontem (11), em São Paulo, que a área ocupada pela tribo, no sul da Bahia, vem sendo atacada por jagunços e madeireiros, que fazem o corte ilegal de madeiras nobres e queimam áreas verdes.

Em entrevista coletiva organizada pela ONG Engajamundo, e acompanhada pela repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal, da TVT, o integrante da tribo pataxó hã-hã-hãe Tawary Titiah conta que, interpelados pelos danos causados, os invasores menosprezaram os indígenas. “Simplesmente, ignoraram o que a gente falou. Falaram que a gente não era nada, que a gente era uns bichos, que a gente não era dono de nada”.

Tawary afirma ainda que os que foram flagrados no corte ilegal de árvores, e os jagunços que davam cobertura, já são conhecidos pela tribo de confrontos anteriores.

O caso foi denunciado para a Polícia Federal e o Ministério Público da Bahia (MP-BA), mas os invasores não se intimidaram. Na última sexta-feira (8), o problema se agravou: Uma vasta área verde foi queimada próximo à fonte de água que abastece o principal rio da aldeia.

“Fizeram a queimada bem logo próximo à nascente do rio. Essa é uma das nascentes da nossa aldeia, e a única forte porque ela vem diretamente da serra”, relata Tawary Titiah.

A professora e assessora do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Lucia Helena Rangel, também presente na coletiva, lembra que a disputa pelas terras indígenas no sul da Bahia é uma das mais violentas do Brasil.

“Eles sofrem os mais diversos abusos e violências”, diz a professora, que cita casos envolvendo tiroteios, prisões arbitrárias, queima de roçados e equipamentos públicos, como postos de saúde e escolas. Até mesmo uma emboscada contra uma perua escolar que levava crianças indígenas teria ocorrido, segundo Lucia Helena.

A terra da aldeia pataxó-hã-hã-hãe, de 54,1 mil hectares fica no sul do estado baiano e faz divisa com três municípios, sendo Pau Brasil o maior deles. A região foi invadida na década de 1930. Durante a ditadura, invasores chegaram a receber títulos de propriedade. A luta pela retomada da terra pelos indígenas se fortaleceu, a partir da década de 1990 e, em 2013, a área foi demarcada pela Funai, com a revogação dos títulos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Até hoje, os invasores não aceitam a saída da terra sem indenização. Para acabar com a impunidade, os indígenas exigem é que a Presidência da República assine a homologação da terra já demarcada.

“A gente espera muito que os governantes tomem uma posição, que deem um basta nisso. O que a gente quer é a paz”, clama o pataxó hã-hã-hãe Tawary Titiah.

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