Repercussão de estupro coletivo pode explicar aumento de notificação de casos
Foram registradas 811 ocorrências no mês passado no estado, 130 a mais do que em junho de 2015. Ao apresentar os dados, nesta semana, secretaria não identificou motivo da alta dos casos
Publicado 29/07/2016 - 11h00
São Paulo – Ativistas do movimento feminista avaliam como uma das possíveis causas para o aumento, em junho, da notificação de casos no estado de São Paulo a grande repercussão do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, ocorrido em maio, no Rio de Janeiro. A alta foi de 19% em relação a junho de 2015, com o registro de 811 ocorrências, 130 a mais.No primeiro semestre de 2016, foram 4.736 denúncias, com aumento de 4,5% em relação ao mesmo período de 2015.
Durante a divulgação dos dados, nesta semana, a Secretaria da Segurança Pública não soube identificar as causas para o aumento. “O caso foi noticiado por uma mídia que não costuma falar desse assunto. Isso motiva as mulheres a falarem mais sobre as violências que elas sofrem”, destaca Carla Vitória, integrante da Marcha Mundial das Mulheres, em entrevista à repórter Caroline Monteiro, para o Seu Jornal, da TVT.
Apesar da grande repercussão, a coordenadora do Observatório da Mulher, Raquel Moreno, entende que a mídia tradicional mais incentiva os diversos tipos de violência contra a mulher do que ajuda a combatê-los. “A mídia banaliza a violência contra a mulher, ou a espetaculariza”, diz, acrescentando que falta levar a conscientização e o combate à violência de gênero para as escolas.
Com a maior exposição desses casos, crescem também, nos programas de televisão e na internet, discursos em favor da pena de morte e castração química para estupradores, mas, para as feministas, esses posicionamentos não são solução para o problema. “São completamente equivocados, porque acabam gerando mais e mais violência, quando, na verdade, a gente está falando em construir uma sociedade mais justa e igualitária”, diz Carla Vitória.