truculência

Suplicy é detido em protesto contra reintegração de posse em São Paulo

Desde a madrugada, moradores tentam impedir a ação fazendo barricadas. Ex-senador e ex-secretário de Direitos Humanos de São Paulo sentou no chão para impedir avanço de policiais contra moradores

reprodução/twitter

Suplicy foi à ocupaçao prestar solidariedade às famílias que estão sendo desalojadas

São Paulo – O ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi detido na manhã de hoje (25) pela Polícia Militar, durante protesto contra a reintegração de posse de aproximadamente 450 famílias da ocupação Terra Pelada, no Jardim Raposo Tavares, zona oeste da cidade de São Paulo. O também ex-secretário de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo sentou-se no chão para impedir o avanço da PM contra os moradores e foi carregado por quatro policiais, que o prenderam por obstrução de Justiça e desobediência. Ele foi levado para o 75º Distrito Policial, no Jardim Arpoador.

A reintegração teve início na madrugada de hoje e está sendo realizada com truculência. A PM já se utilizou de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os moradores alegam não ter para onde ir e protestam desde cedo contra a ação, montando barricadas e queimando pneus. Um ônibus foi apedrejado no local.

A área pertence à prefeitura de São Paulo, que alega ter solicitado a reintegração de posse porque o local oferece risco aos moradores, por ser um barranco. A administração municipal informou que os moradores foram cadastrados em programas habitacionais e vão receber auxílio-aluguel. A autorização para o despejo foi concedida pela 9ª Câmara de Direito Público do tribunal de Justiça de São Paulo.

A Tropa de Choque chegou ao local por volta das 8h. Uma retroescavadeira chegou a ser usada para retirar as barricadas feitas pelos moradores. Pelo menos cinco linhas de ônibus na região pararam de circular devido à ação da PM e aos protestos.

Segundo a decisão da 9ª Câmara de Direito Público, que determinou a reintegração de posse, o local apresenta alto risco de deslizamento, por ser região de encostas. Um parecer da Defesa Civil aponta que as construções na área são precárias e aumentam os riscos de desabamentos e até mesmo de incêndio. “Há ainda muito lixo e entulho no local, bem como árvores queimadas e visível dano ambiental”, diz a avaliação.

Os manifestantes afirmam que já realizaram inúmeras reuniões com a subprefeitura do Butantã sobre o terreno, que tem 11 mil metros quadrados, mas não chegaram a um acordo. A todo, 350 famílias foram cadastradas pela subprefeitura para programas habitacionais em 2013, mas o número já aumentou para 450. Segundo os moradores, as famílias não têm para onde ir.

A Marcha Mundial das Mulheres está recolhendo doações de roupas, alimentos e remédios para as famílias que vivem na ocupação. O local de entrega é o Centro Educacional Unificado (CEU) Uirapuru, na Rua Nazir Miguel, 849, Jardim Paulo VI, zona oeste.

Leia também

Últimas notícias